ASSINE
search button

Terça, 6 de maio de 2025

Arthur Maia morre aos 56 anos

Divulgação -
Arthur tocou em inúmeros festivais mundo afora
Compartilhar

Um dos instrumentistas mais solicitados da MPB e do jazz, o baixista Arthur Maia morreu ontem, aos 56 anos, em Niterói. De acordo com a família, o músico sofreu parada cardíaca e foi encaminhado, às pressas, para Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Mário Monteiro, no bairro de Piratininga, na região oceânica da cidade, mas não resistiu. O músico participaria na próxima quinta-feira, dia 20, de um show no Blue Note em tributo ao saxofonista Márcio Montarroyos. Reconhecido como um dos principais baixistas brasileiros, acompanhou shows e gravações de grandes cantores como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Roberto Carlos, Djavan, Ivan Lins, Luiz Melodia, Lulu Santos, Jorge Benjor, Gal Costa, Ney Matogrosso, Ana Carolina, Marisa Monte, Mat’nália, Seu Jorge, Dominguinhos e George Benson.

Macaque in the trees
Arthur tocou em inúmeros festivais mundo afora (Foto: Divulgação)

De família musical, iniciou carreira tocando bateria, mas migrou para o baixo elétrico assim que ganhou seu primeiro instrumento, aos 17 anos. Extremamente técnico, não se contentava em ficar na chamada “cozinha” (a sessão rítmica de uma banda) e executava acordes de grande criatividade. Era um grande solista nos instrumento e tinha o lendário Jaco Pastorius como uma de suas grandes influências. Mas a técnica, gostava de dizer, era uma herança do tio Luizão Maia, que fora baixista de Elis Regina e outros grandes nomes da MPB.

Ainda jovem, na década de 1980, Arthur foi um dos fundadores do grupo Cama de Gato cuja formação inicial incluia Mauro Senise (saxofone), Paschoal Meirelles (bateria) e Rique Pantoja (teclados). A banda gravou seu primeiro álbum, em 1986, e foi um dos destaques do Free Jazz, o que credenciou o baixista como um dos mais solicitados músicos de estúdio do país. Uma de suas especialidades era o baixo fretless (sem trastes). Participou dos principais festivais internacionais tais como o New York Jazz Festival, o Festival de Jazz de Paris, o Montreux Jazz Festival, o Lugano Jazz e o Heineken Concerts, entre outros.

Ainda integrou as bandas Pulsar, Black Rio e Egotrip. Nos anos 1990, o baixista aventurou-se pela carreira solo, lançando cinco álbuns. Seu álbum de estreia foi “Maia” (1991), pelo qual ganhou um Prêmio Sharp. A este CD seguiriam “Sonora” (1996), “Live with Hiram Bullock” (1999), “Planeta música” (2002) e “O tempo e a música” (2010). Em sua carreira solo, trilhou caminhos ecléticos sendo fortemente influenciado pelo funk, samba e reggae. Seu trabalho mais recente foi como produtor no próximo disco de Martn’ália, ainda por ser lançado, em janeiro de 2019, contendo canções de Vinícius de Moraes. Uma de suas últimas performances ao vivo foi nos dias 26 e 27 de outubro, no Blue Note, na Lagoa.

Outro lado marcante de sua trajetória foi o envolvimento nas discussões em defesa da cultura. Na cidade onde nasceu e passou toda a vida, foi um dos coordenadores do selo Niterói Discos, que alavancava a carreira de artistas. Em 2013, a assumiu a Secretaria de Cultura do município permanecendo no cargo até 2016. Em setembro, foi uma das principais atrações do Playing for Change Day, uma ação simultânea de shows beneficentes nos cinco continentes para arrecadar recursos para a fundação de mesmo nome que mantém 14 escolas de música em 11 países, incluindo o Brasil.

Macaque in the trees
Um dos últimos shows de Arthur Maia, no Blue Note (Foto: Blue Note/Divulgação)

A notícia da morte do baixista pegou a todos de surpresa. De San Francisco, na Califórnia, o guitarrista Romero Lubambo, que também integrou o Cama de Gato, disse que chorou por quase duas horas depois que recebeu a notícia. “Tínhamos muita proximidade, uma amizade que começou na música. O Arthur era tão jovem e se cuidava muito. Para mim, ele era a saúde em pessoa”, lamenta o instrumenttista, radicado nos Estados Unidos há vários anos.

“Lamentamos muito a partida precoce de um dos maiores baixistas da atualidade Arthur Maia. Seu talento e bom humor farão muita falta a todos nós”, escreveu Gilbero Gil em seu Twitter. Pelas redes sociais, muitos eoutros músicos se manifestaram, entre os quais Lulu Santos, João Barone, Marcos Valle, Marcelo D2 e Paula Toller. A cantora postou uma foto do músico num hotel de Recife, em 1986, quando Arthur e outros músicos de jazz participaram da turnê do disco “Ao vivo no Nordeste”’. Barone lembrou o bom humor do colega: “Arthur ‘Arthurzinho’ Maia, desde cedo um super músico, um dos caras mais bem-humorados no meio musical, sempre contava histórias hilárias. Partiu muito cedo”, comentou.

Blue Note/Divulgação - Um dos últimos shows de Arthur Maia, no Blue Note
Tags:

Arthur | baixista | morte