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Sexta, 9 de maio de 2025

Por um corte mais ríspido: confira crítica do filme "Culpa"

Divulgação -
Jakob Cedergren em possante momento do premiado fim
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O estreante em longas Gustav Möller é corajoso e seguro. Atacando com um roteiro arriscado, onde seu único personagem em cena fica preso durante 1h20 num único espaço físico, contracenando apenas com um fone e uma linha telefônica de emergência, o dinamarquês propõe a construção de um jogo de tensão permanente que ligue esse protagonista a uma chamada de uma mulher em perigo, enquanto devassa o passado recente do tipo com certa sutileza. Há competência clara no filme, mas também há um exagero na receptividade positiva alcançada pelo longa, um dos nove finalistas ao Oscar na categoria de filme estrangeiro.

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Jakob Cedergren em possante momento do premiado fim (Foto: Divulgação)

Não falta talento a Jakob Cedergren ao dar rosto a esse cara atormentado por um erro, em vias de remissão. Sua interpretação marcante desse homem à beira da exasperação, num momento decisivo da carreira, encarrega Gustav da tarefa de corresponder a essa performance, e o que vemos é um thriller levado no fogo brando até o final. Ainda que o “plot twist” apresentado não seja de profunda criatividade, a condução da direção seria suficiente para tirar do roteiro o pilar focal do longa. Mas a montagem não consegue tornar ágil o jogo que Jakob sabe tão bem jogar; a cada cena parece evidente que o corte geral carece de mais ritmo.

A interação telefônica do personagem e a condução acertada e milimétrica da sua trama pessoal formam um círculo que se fecha em arco bem definido. Acabam por sobrepor os erros do filme. Uma produção tão concisa é cada vez mais rara no circuito e o estreante autor sabe fazer todos olharem pra si desde “Sundance”, de onde saiu premiado. Com um trato maior nos cortes dos planos, teríamos um retrato ainda mais poderoso sobre a redenção em dois atos. (F.C.).

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COTAÇÃO: * * (REGULAR)