
Baseado no livro homônimo de Meg Wolitzer, “A esposa” (The wife) leva às telas uma trama sobre ruptura da base familiar, outrora construída sobre a farsa de um casamento de conveniência. Marcando o retorno do diretor Björn Runge após hiato de seis anos, o longa também aborda o preconceito contra a mulher no mercado editorial nos anos 1960, dominado por homens em busca de novos talentos masculinos.

Contando com fotografia elegante que trabalha luz e cores de maneira a transmitir a frieza das relações interpessoais, o longa de roteiro sólido e diálogos afiados tem como maior trunfo a comunhão de seu elenco, sobretudo dos veteranos Glenn Close (Joan) e Jonathan Pryce (Joe). No entanto, é Close quem brilha de fato. A atriz surge em cena em estado de graça, permitindo ao espectador dimensionar a dor da mulher abnegada e prestes a explodir no momento mais importante da carreira do marido, homenageado com o Prêmio Nobel de Literatura. É uma atuação composta por várias camadas, que são reveladas a cada ação de seu cônjuge.
“A esposa” cresce aos poucos para explorar o esgotamento psicológico de uma família que há tempos desistiu de si mesma, apesar das amarras impostas pela dependência emocional dos envolvidos. E tudo em prol da manutenção da imagem ilibada do homem respeitado pela sociedade.
COTAÇÃO
* * * * (MUITO BOM)
* Membro da Associação de Críticos do Rio de Janeiro