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'Nightflyers' voa, mas sem tempo de decolar

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Eventos paranormais, tecnologia, inteligência artificial, filosofia, espaço-tempo e o terror do desconhecido. A série Nightflyers, inspirada na obra de George R. R. Martin e disponível na Netflix, tinha tudo para decolar, mas a sensação é que os motores falharam, por algum motivo.

Mesmo com o anúncio do cancelamento da segunda temporada, a série de dez episódios da SyFy, com produção executiva do criador de Game of Thrones, merece uma imersão no vazio interestelar que rodeia a nave The Nightflyer. A bordo, estão um time de cientistas e um poderoso telepata. Eles seguem em uma expedição pelo Sistema Solar com o objetivo de fazer contato com formas de vida alienígenas já identificadas. Seria a mesma ambição e horror do filme soviético Solaris?

Navegando pelo espaço, o grupo está sujeito a eventos terríveis dentro da nave, como uma força vingativa que habita o sistema da The Nightflyer. Ela vigia seus passageiros por meio de uma lente vermelha, no estilo HAL 9000, o navegador computadorizado de 2001: Uma Odisseia no Espaço.

Do lado de fora, o vazio do espaço acentua a solidão dos viajantes que buscam aplacar a dor de muitas formas, como faz Lommie, uma especialista em tecnologia cibernética, viciada em fugir da realidade. Nos períodos de crise, ela consegue visitar mundos digitais por meio de cabos conectados em seu braço. Já Karl tenta reconstituir memórias de sua mulher e filha com uma máquina que expande o poder do cérebro. As constantes falhas e repetições sofridas colocam o cientista da série ao lado das alucinações vividas pelo protagonista do estranho Moon (2009), de Duncan Jones, que narra os últimos dias da missão de um astronauta que em breve voltará para sua esposa e filha, mas já imaginamos que não será fácil assim.

O constante mistério que ronda a nave dá outro ritmo a segunda metade da série, salvo alguns exageros como uma gravidez e um clã feminista com objetivos mortais. Em uma maratona por sobrevivência, aranhas metálicas se escondem na tubulação da nave e a verdadeira identidade do capitão Roy Eris deve ser questionada, tanto quanto foi a tripulação de Alien: O Oitavo Passageiro.

No último episódio, a série resgate mais uma vez o visual de 2001. Nightflyers pode não ter chegado lá, mas garante um encontro final de encher os olhos: colorido e lisérgico.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.