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Quarta, 7 de maio de 2025

O mal imperdoável: confira crítica do filme 'Sobibor'

COTAÇÃO: * * * (BOM)

Divulgação -
Christopher Lambert interpreta o comandante do campo assassino de Sobibor
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Produção russa que lembra os 75 anos da rebelião no campo nazista do sudeste da Polônia, “Sobibor” marca a estreia na direção e é estrelado por Konstantin Khabenskiy. O drama, escolhido pela Rússia para representar o país no Oscar 2019, é uma história muitas vezes explorada no cinema. Mas quase um século depois, a memória desses fatos é apresentada com a mesma força. É uma contribuição para sempre lembrar atos imperdoáveis e que nunca deveriam ser repetidos ou esquecidos, apesar de alguns grupos que insistem em desvirtuar os depoimentos das pessoas que viveram o mal absoluto do nazismo. Há quem tente ignorar documentos e locais que atestam o horror do Holocausto. No entanto, o cinema traz a visão documental que nos ajuda a manter em alerta.

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Christopher Lambert interpreta o comandante do campo assassino de Sobibor (Foto: Divulgação)

Dessa vez, a observação não vem de Hollywood e o personagem principal é o oficial soviético Alexander Pechersky (Khabenskiy). Ele organizou o plano de motim e fuga em massa dos prisioneiros em 1943. Já com histórico de uma tentativa de fuga, Alexander era força de trabalho no regime de escravidão nazista. Quem não era forte ou hábil suficiente era exterminado. As câmaras de gás mataram 250 mil judeus em Sobibor. Essa atmosfera de horror é narrada sob o ponto de vista dos prisioneiros. A plateia vive a expectativa das intenções dos oficiais das SS, assim como as vítimas deles. Mesmo sabendo o que aconteceu, a experiência de ver os atos monstruosos continua a chocar. É como se ainda não fosse possível acreditar que supostos humanos poderiam fazer isso com humanos. O veterano Christopher Lambert, o lendário “Highlander”, representa Karl Frenzel, comandante do campo de extermínio, com o olhar gelado de assassino.

“Sobibor” não é uma obra de grandes ousadias cinematográficas. É um filme acadêmico, mas tem dois momentos de maior impacto: a cena de uma festa no campo que revela a visão dos opressores sobre os judeus e o momento final da fuga. Reviver o feito de Pechersky e dos milhares de homens, mulheres e crianças que resistiram, quando a opressão máxima matava seus irmãos, é, por si só, um registro para a humanidade. E o mais importante. Projetar o passado para os dias atuais. Refletir e entender onde estamos e porque isso tudo tem a ver com cada um de nós e os discursos de ódio que nos cercam nesse momento grave.

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cinema | crítica | filme