Agência EFE
XANGAI - O filme 'Piratas do Caribe: No Fim do Mundo' estreou nesta terça-feira nos cinemas chineses com mais da metade de suas cenas censuradas, segundo a versão digital do jornal oficial 'China Daily'. Os cortes, que tornam difícil a compreensão da trama, afetam sobretudo as aparições do ator Chow Yun-Fat, natural de Hong Kong, que interpreta um pirata cingalês. Segundo havia sido anunciado anteriormente, os cortes afetam cenas de "muita violência e horror", como afirmou a China Film Group Corporation, a única empresa estatal autorizada a importar os vinte filmes estrangeiros que Pequim aprova para serem exibidos no país a cada ano.
Na versão original, as cenas de Chow somam entre vinte e trinta minutos, ao tempo que na versão chinesa, esse total é de cerca de dez minutos. No corte mais polêmico, foi eliminada uma cena inteira, na qual Chow recitava, em cantonês - dialeto chinês, diferente da língua oficial do país, o mandarim- um poema de Li Bai (701-762), considerado um dos grandes clássicos da literatura chinesa.
O poema, cujo título pode ser traduzido como 'A lua brilhando sobre a montanha da fronteira', fala da nostalgia pela terra natal, e é recitado por Chow em uma sequência em que contracena com a atriz principal, Keira Knightley. Embora a cena tenha causado impacto nos espectadores de todo o mundo, as autoridades chinesas decidiram cortá-la. A versão censurada também elimina a primeira aparição do personagem de Chow, motivo pelo qual seu súbito aparecimento, minutos depois, resulta confuso para o público chinês, que o vê morrer pouco depois, sem compreender exatamente a função do pirata no filme.
Também foi eliminada outra cena do começo do filme, onde aparecem grandes construções arquitetônicas de estilo chinês. O filme anterior da série 'Piratas do Caribe', 'O Baú da Morte', lançado em 2006, teve sua execução proibida no país, devido, segundo as autoridades, às cenas de canibalismo e de fantasmas.