Hugo Cals, Agência JB
RIO - Numa terça-feira fria, onde os termômetros da Cidade Maravilhosa acusavam 18oC, uma legião de góticos começou a se concentrar nos arredores da Fundição Progresso por volta das 20h. Todos estavam ali com um único propósito: conferir a apresentação do rei do bizarro, o cantor norte-americano Marilyn Manson que se apresentou na cidade pela segunda vez ( a primeira tinha sido em 1997, durante uma fase auto-destrutiva do cantor como o próprio a definiu).
Por volta das 22h, tanto a arquibancada quanto a pista livre do local do show já se encontrava bastante cheio. Enquanto uma grande cortina preta com detalhes em vermelho tampava o palco a platéia era um show à parte: camisas pretas, sobretudos, cabelos coloridos, rimel, batom, tatuagens, maquiagem pesada, piercings e todos os outros detalhes excêntricos presentes no vestuário de Manson estavam de certa forma representados também por seus fãs. Sucessos do rock pesado ( em baixo volume) aqueciam a platéia que aguardava a atração principal. Antes de Manson a banda carioca Maldita aqueceu a platéia em um show de 40 minutos, iniciado às 21h.
Às 22h40, quando os primeiros sons da bateria puderam ser ouvidos, uma platéia fanática correu para frente para se concentrar próximo ao palco. A grande cortina em seguida caiu com um movimento rápido e o príncipe das trevas entrou no palco da Fundição para delírio de muitos presentes no local. Com um microfone-punhal Manson trouxe ao Brasil a turnê Eat me, drink me que também batiza o sexto álbum de estúdio do cantor, lançado este ano.
Após 20 minutos de show, era possível perceber falhas técnicas do som. Os sons misturavam-se e por vezes o vocal de Manson tornava-se ininteligível. Após 2 músicas, o show foi interrompido para ajustes. 10 minutos e algumas vaias depois o rei do bizarro conseguiu a primeira boa resposta do público ao executar o sucesso Mobscene do álbum The Golden Age of Grotesque . Neste momento, os mais exaltados formavam rodas mosh , característica em shows de rock onde parte da platéia se concentra em rodas se empurrando agressivamente, mas de maneira amigável (ninguém briga de fato).
Diferente do que muitos fãs suspeitavam, o show não foi baseado no novo álbum (apesar de ter o mesmo nome) : Manson optou por tocar o melhor de cada álbum. Destaques para The Dope Show , Fight Song ,
If I Was Your Vampire e Lunchbox . O cover para o clássico dos Eurythimics Sweet Dreams (que Manson gravou para a trilha do filme A Casa da Colina ) foi cantado em coro do início ao fim.
Apesar de não dispor da cenografia presente em suas turnês européias ou norte-americanas ( o palco tinha apenas um simples fundo preto) a figura de Manson é um espetáculo teatral por si só: ele corre pelo palco, se taca no chão, troca de roupas algumas vezes, interage com a platéia, além de agarrar a todo momento sua genitália. Com uma pesada maquiagem e um vestuário preto que contrastava com sua pele excessivamente branca, o cantor levou fãs ao delírio com uma seqüência de sucessos. Após um curto show de 1h15, a excêntrica mistura entre a estrela de cinema Marilyn Monroe e o assassino serial Charles Manson (esta é a origem do nome artístico do cantor) encerrou a apresentação carioca com o seu maior sucesso The Beautiful People , do polêmico álbum Antichrist Superstar de 1997.