Ricardo Schott, Jornal do Brasil
RIO - Com experiência na produção de perfis e em escrever livros (já chegou a editar cinco volumes em menos de dois anos), a jornalista Tânia Carvalho não titubeou diante do desafio de escrever um perfil da atriz Tônia Carrero para a série Aplauso, especializada em dissecar a história de atores brasileiros. Mas decidiu fazer um livro bem diferente dos que já preparou para a série como os perfis de Irene Ravache (Caçadora de emoções) e Aracy Balabanian (Nunca fui anjo). Movida pela paixão, que reconstitui a trajetória da atriz de 87 anos, foi feito à base de muita pesquisa, sem o olho-no-olho que costuma marcar tal trabalho.
A Tônia já tem uma autobiografia, O monstro de olhos azuis, com todas as informações sobre a vida dela ali. Não daria para fazê-la falar tudo outra vez. E eu também jamais iria querer competir com Rubem Braga e Carlos Drummond de Andrade, que escreveram sobre ela, não é? brinca a jornalista, que diz ter lido praticamente tudo o que se escreveu sobre Tônia e ficou espantada com a quantidade de textos encontrados.
Justamente pela riqueza da personagem, Movida pela paixão foi lançado no mesmo formato especial da série (com tamanho maior e muitas fotos) pelo qual também saíram livros como Agildo Ribeiro O capitão do riso, de Wagner de Assis.
A coleção é marcada pelos depoimentos, mas optei por fazer um grande álbum de fotos, até porque elas já falam por si só afirma. A Tônia não é só uma mulher bonita ou uma grande atriz. Ela é uma grande diva, como as estrelas hollywodianas. E esteve à frente de seu tempo. Mesmo tendo vindo de uma família rigorosa, escolheu trabalhar no que quis, deixou o filho (o ator Cecil Thiré) com a babá para fazer teatro na França. É uma pessoa que viveu a vida apaixonadamente.
A carreira de Thiré, por sinal, também é assunto para Tânia, que prepara para qualquer momento o lançamento de um perfil do ator.
Tônia chegou a me falar que se sentia culpada por ter deixado o filho no Brasil explica. Mas tanto ele quanto toda a família são muito ligados a ela, e todos foram para a mesma área. Durante a convivência que tive com ela, sempre vi os netos e bisnetos em volta dela.
A carreira da atriz é dissecada com várias fotos de filmes como Quando a noite acaba, de Fernando de Barros, e de peças como Um Deus dormiu lá em casa, sua estreia no palco em 1949, ao lado da grande paixão e grande amigo, Paulo Autran. É a ele que Tônia deve sua iniciação no teatro e a quem, como biografada, dedica o livro.
Tônia foi fazer teatro para ficar junto do Autran relata a escritora, que, apesar de ter feito trabalhos na Rede Globo (realizando pesquisas para novelas como Duas vidas, em 1976), conheceu Tônia pessoalmente há apenas três anos. Aos 87 anos, ela ainda tem uma beleza impressionante. Digo até que ela não é apenas bonita, mas sim uma deusa. E mesmo tendo alcançado tal idade, ela está longe de ser uma velhinha.