Pedro de Luna *, Jornal do Brasil
RIO - Quinta-feira, 21h40: a ansiedade pelo primeiro show da banda irlandesa The Cranberries no Rio de Janeiro era grande. Fenômeno na década de 90, com cinco álbuns lançados e grandes sucessos no rádio e na TV, o grupo liderado por Dolores O'Riordan enfim pisou o palco do Citibank Hall para delírio dos quatro mil fãs (cerca de metade da capacidade da casa). Nesse primeiro show da inédita turnê brasileira, o grupo desfilou 22 músicas.
Urso de pelúcia
Logo depois de abrir a apresentação com How, a meiga vocalista explicou a pausa da banda entre 2003 e 2009, para que os músicos pudessem ficar um tempo com a suas famílias e seus Cranbabies . Inclusive ela, que do alto de seus 38 anos cuida de quatro crianças, sendo um enteado. Como de praxe, a cantora e guitarrista elogiou a cidade, pediu desculpas por demorar tanto tempo para vir e emendou dois clássicos: Animal instinct e Linger. O jogo estava ganho quando um fã jogou um urso de pelúcia para Dolores, bela em sua roupa preta e dourada, com uma singela asa de anjo nas costas.
Em grande momento da noite, Dolores deixou o palco durante I can't be with you para que sua banda finalizasse com uma pegada mais pesada do que o convencional. Logo depois, na belíssima Ode to my family, a cantora desceu do palco para o fosso e só conseguiu retornar novamente pelos bastidores. Completamente à vontade, ela correu, pulou, dançou, demonstrou seu domínio sobre a voz e interagiu de perto com o público. Este, por sua vez, só não se empolgou tanto quando a frontwoman tocou Switch off the moment e The journey, presentes no seu segundo disco solo, apresentadas quando ela se esteve em São Paulo, em 2007.
Após uma hora de show, a banda pôs a casa abaixo com o hit Salvation, numa levada exuberante. Na sequência, emendou com Ridiculous thoughts e Zombie, cuja letra fala sobre a violência entre extremistas protestantes e católicos na Irlanda do Norte. Fim do espetáculo, a banda sai do palco, mas os fãs continuam a pedir sucessos como Promises, Just my imagination e Stars. A banda retorna com o guitarrista Noel Hogan tocando violão e o baterista Fergal Lawler na percussão para a brevíssima Empty. E cheios de gás, desfilam mais três petardos, encerrando com Dreams.
Agora, só de férias
A essa altura do campeonato, a banda que leva o nome de uma fruta típica da Irlanda, estava mais feliz que pinto no lixo. Dolores jogava água na plateia e em sua própria cabeça, vibrava, sorria e, enrolada em serpentinas jogadas no palco, se despediu do Rio de Janeiro em clima de pré-Carnaval. Como ela mesma disse no início da noite, é preciso voltar outra vez. Porém, de férias.
* Editor do jblog quadrinhos