Até 2015 com o nome de Rio Festival Gay de Cinema, o evento anual que exibe uma seleção nacional e internacional de filmes sobre gênero e sexualidade tem nova denominação a partir desta sexta edição, aberta na noite desta quinta-feira (7). O agora Rio Festival de G & S no Cinema apresenta até o próximo dia 17, em diversos espaços culturais da cidade, cerca de 150 filmes nacionais e internacionais, distribuídos por nove mostras, algumas competitivas.
A mudança de nome buscou atender à amplitude da temática do festival. “Nós precisávamos de uma denominação que correspondesse à curadoria dos filmes, que fosse um identificador dos filmes que falam de sobre todos os gêneros e sexualidades”, explicou o diretor e curador do festival, Alexander Mello.
Os documentários de longa e de curta-metragem dominam a programação, a exemplo das edições anteriores, um fato que revela a importância do gênero em registrar o que está ocorrendo no Brasil e no mundo com relação às questões que envolvem a sexualidade. Mas a ficção também está presente, inclusive em uma nova mostra – Sombrio – que reúne curtas de terror, horror e comédia assustadora.
Outra programação, Cinema Explícito, abre espaço para filmes raros e transgressores, da era do cinema mudo ao underground contemporâneo, que serão exibidos em uma sessão comentada pelo crítico e professor de cinema Rodrigo Gerace. Também há uma mostra dedicada à diversidade sexual em filmes de animação.
O filme programado para a sessão de abertura, na noite desta quinta-feira no Cine Odeon, na Cinelândia, centro do Rio, foi o documentário brasileiro Amores Santos, do cineasta Dener Giovanini. Produção destinada a despertar polêmica, o filme aborda o submundo do sexo envolvendo religiosos, que contrasta com a hipocrisia dos discursos homofóbicos. É um filme que teve grande repercussão na mídia internacional.
“O diretor Giovanni selecionou os melhores depoimentos, entre cerca de 3 mil religiosos ouvidos no Brasil e no exterior”, disse Alexander Mello. “O documentário trata de situações de sexo explícito na internet envolvendo religiosos, mas principalmente toca em um assunto muito importante, que tem a ver com a origem desses crimes de ódio que têm acontecido no Brasil e no exterior. O discurso errôneo desses líderes religiosos acaba vitimando toda a sociedade, principalmente os homossexuais”.
Vários outros filmes da programação abordam situações de agressão e falta de respeito com homossexuais e transexuais. “O assunto está muito presente, por exemplo, nas mostras de curta-metragens, tanto nacionais como internacionais”, disse Mello.
Crossdresser
O júri do festival e o público, com voto dado após as sessões, decidirão quais serão os filmes premiados nesta edição. A cerimônia está marcada para às 19h do dia 15, no Espaço Cultural BNDES, com a exibição do longa francês Where There is Shade, do diretor Nathan Nocholovitch e da atriz e co-roteirista Clo Mercier.
O filme conta a história de um crossdresser francês que vive como prostituta em Phnom Penh, no Camboja, e do sentimento de paternidade que surge a partir de seu encontro com uma criança traficada. “São histórias assim que ampliam a temática do festival”, disse o diretor do evento.
O festival também ganhou novos espaços de exibição na edição deste ano, como o Cine Joia Rio Shopping, em Jacarepaguá, na zona oeste, e o Cine Arte UFF, em Niterói, na região metropolitana. Os demais são, além do Odeon e do Espaço Cultural BNDES, o Centro Cultural Justiça Federal (CCJF), todos no Centro, o Cine Joia, em Copacabana, e o Instituto Cervantes, em Botafogo, ambos na zona sul do Rio.
A programação completa, com horários das sessões e preços dos ingressos, está disponível nosite riofgc.com