O secretário-geral de privatizações, Salim Mattar, disse ontem, em São Paulo, na abertura de evento do Credit Suisse que a Petrobras, a Caixa e o Banco do Brasil devem ser as únicas das atuais 138 companhias que vão permanecer estatais no governo de Jair Bolsonaro, mas “bem magrinhas”, ou seja, sem suas subsidiárias. O secretário destacou ainda que sua meta é superar “em 25% a 50%” o montante que o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse em Davos que pretende arrecadar com as vendas de estatais, US$ 20 bilhões.
“Vamos surpreender”, afirmou Mattar, destacando que, tirando as três estatais citadas acima, a intenção é vender todas as outras e, no caso da Eletrobras, em um primeiro momento capitalizar a companhia e sair do controle. “Na área de óleo e gás, só vai permanecer a Petrobras”, afirmou o executivo, fundador da Loacalia. “A Petrobras é uma megacompanhia, mas não tem eficiência e produtividade que falam no mercado”, disse, ressaltando que a estatal deve começar “lentamente” a vender participações de muitas subsidiárias. “A tendência é que até final deste governo a Petrobras tenha vendido todas participações.”
O secretário disse que o governo “não pode continuar sendo empresário, mas sim cuidar de coisas que fazem sentido para a população, como saúde e educação”. “Não faz sentido o governo atuar na área de seguros.” O Banco do Brasil (BB Seguros e BB Seguridade) e a CEF (Caixa Seguridade) têm grupo segurador e de previdência .
Mattar ressaltou que o país tem hoje 134 estatais que podem vir a ser privatizadas. Ele destacou que o governo Temer privatizou 20, mas o do PT criou 48 companhias públicas. “Queremos o povo rico e o Estado mais enxuto”, comentou. “Se vendêssemos todas estatais poderíamos reduzir nossa dívida a R$ 3 trilhões”, disse.
Das 138 estatais existentes 36 pertencem à Petrobras, 33 à Eletrobras, com predominância de participações em Sociedades de Propósito Específico (SPE) em energia eólica, solar, linhas de transmissão e PCHs. O Banco do Brasil tem 16 empresas (além de seguros, a BBDTVM, maior gestora de recursos do país, empresas de cartões, consórcios, turismo, Investimentos, parceria no Cartão Elo, tecnologia e serviços).
O BNDES tem três empresas (a BNDESPar, BNDES PLC e Finame). A BNDESPar conta com duas dúzias de participações acionárias (Petrobras, Eletrobras, Vale, Suzano, Embraer, Cemig, Gerdau, Oi, MRV, AES Tietê, Light, Engie, MRV e Kalbin, entre outras, além de Copel, Fibria, JBS, Granbio, Marfrig e Tupy, e ainda participações na compra de debêntures de um total de 28 empresas, com predomínio de companhias de saneamento de estados e municípios, e destaque para os R$ 54,5 milhões em debêntures da Inepar, e os R$ 54,9 milhões em debêntures da Klabin. Segundo Salim Mattar, a BNDESPar deve ser extinta em até quatro anos.
Com relação aos Correios, que tem uma subsidiária, a Correios Par, e à Infraero, Mattar reconheceu que a privatização será mais demorada. O secretário afirmou que tem feito trabalho de “formiguinha” para convencer outros ministérios sobre a necessidade de vender estatais, mas reforçou que os novos executivos que assumiram a Petrobras e o BB têm visão de mercado e não resistem a vender as subsidiárias. Destacou também que o Brasil tem “18 estatais dependentes”, que custam R$ 15 bilhões por ano ao governo, como EBC, Valec, CBTU, Embrapa e Codevasf. Mattar afirmou que os governos sociais democratas são “fingidos”, não gostam do capitalismo e de empresários. “Este governo gosta de empresários”, disse destacando que não haverá quebra de contratos e que o presidente Bolsonaro vai garantir segurança jurídica para se fazer negócios. (com Estadão Conteúdo)