A perda de 43.196 empregos com carteira assinada no mês de março, revelada hoje pelo Caged, reflete, em boa parte, uma frustração dos setores de comércio e de serviços (hotéis, bares e restaurantes) que, devido ao Carnaval ter caído na primeira semana de março, anteciparam para fevereiro as contratações (182.429 empregos com carteira assinada). O preocupante é que as demissões se concentraram nos setores que mais empregam mão de obra nos grandes centros urbanos. O resultado foi totalmente contrário às previsões do mercado, que esperava 80 mil novas vagas. O Itaú previa 44 mil vagas, 180 graus diferente do que apurou o Caged, comprovando que a criação recorde em fevereiro também fora atípica.
O comércio demitiu 28.803 pessoas e a construção civil 7.781 pessoas em março. Foi superada pelas 9.545 vagas fechadas na agropecuária, mas o segmento é marcado por empregos sazonais, vinculados à colheita de lavouras. Das nove regiões metropolitanas do país, apenas Salvador teve saldo positivo de empregos no mês passado, com 185 postos. No conjunto, houve perda de 21.986 vagas. Alagoas, em função do encerramento da colheita da cana, perdeu 9.636 postos, seguido pelo estado de São Paulo, com 8.007 vagas e o Rio de Janeiro, com 6.986 vagas.
Grande Rio lidera perdas de vagas
A região metropolitana do Rio de Janeiro, que concentra mais de 70% da população do estado, segue liderando as perdas de vagas. Foram fechados 6.438 postos (6.989 em todo o RJ) e a cidade do Rio de Janeiro teve perdas de 3.982 vagas, ou de 56% de todo o estado. São Paulo, maior região metropolitana do país, perdeu 5.584 postos com carteira assinada em março.
O caso mais dramático é o encolhimento do comércio no Rio de Janeiro, que perdeu 4.252 vagas em março, acumulando perdas de 15.505 vagas em 2019. Para se medir o impacto da reversão, basta comparar com o acumulado de 1.916 vagas nos últimos 12 meses. Ou seja, em 2018, de março a dezembro o setor gerou 17.421 vagas. Como em dezembro já ocorrem muitas demissões, tão logo passa o Natal, vê-se uma queda bem concentrada.
O resultado do grupo Via Varejo, que controla as Casas Bahia e a rede Ponto Frio, com perdas de R$ 49 milhões no 1º trimestre, contra lucro de R$ 64 milhões em igual período do ano passado, prenuncia tempos difíceis para a atividade, diante da persistência do baixo crescimento e da retomada do desemprego, que voltou a subir para 12,4% em março, segundo o IBGE, acumulando mais de 13 milhões de desempregados no país. Só que o contingente da mão de obra subutilizada passa de 25 milhões.