Cresceu em 2018 o número de brasileiros que produzem alimentos, roupas ou até edificações para consumo próprio, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (26) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Ao todo, foram 13 milhões de brasileiros, ou 7,7% da população em idade de trabalhar.
Na comparação com 2017, cerca de 700 mil pessoas a mais declararam ter realizado algum tipo de produção para consumo próprio na semana em que foram entrevistados, de acordo com a pesquisa Outras Formas de Trabalho, realizada pelo instituto com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua.
Com relação a 2016, quando o recorte sobre outras formas de trabalho foi iniciado, são 3,6 milhões de pessoas a mais. O IBGE, porém, não quis analisar se as causas do crescimento estão relacionadas à crise econômica pela qual o país passa desde 2014. A pesquisa detectou, porém, que a maior parte do crescimento se deu entre homens e pessoas não ocupadas - 0,5 ponto percentual cada um. Em 2018, 8,7% das não ocupadas declararam ter produzido para consumo próprio. Entre as ocupadas, foram 6,8%.
Na pesquisa, o IBGE considera o cultivo, caça ou pesca de alimentos, a produção de carvão, lenha ou palha, a fabricação de roupas, calçados e cerâmicas e a construção de prédios, cômodos ou poços -desde que as atividades não tenham gerado renda. Destes itens, o primeiro é o com maior incidência na pesquisa. Ao todo, 76,7% daqueles que declararam ter produzido para consumo próprio disseram ter cultivado alimentos, ou praticado caça ou pesca. Segundo técnicos do instituto, isso pode explicar a maior taxa de produção para consumo próprio nas regiões Norte e Nordeste.
"São regiões onde há peso maior da agricultura familiar", diz a analista do IBGE Marina Aguas. No Norte, 10,2% da população em idade de trabalhar declarou ter produzido algo para consumo próprio. No Nordeste, foram 10,9%. A menor taxa está no Sudeste, de 4,7%, que desponta sobre as regiões apenas na construção de edifícios, cômodos ou poços. Em 2018, 13% da população de 14 anos ou mais do Sudeste declararam ter construído alguma coisa para si mesmos.
A taxa de realização de produção para consumo próprio é maior entre a população com menor escolaridade, diz o IBGE. Entre aqueles que não têm instrução, 13,2% disseram ter realizado algum tipo de atividade nesse sentido. Entre aqueles com nível superior completo, foram apenas 3,1%. Trabalho voluntário O quadro é oposto quando se trata de realizar trabalhos voluntários, que foram realizados por 7,2 milhões de brasileiros (ou 4,3% da população com 14 anos ou mais) em 2018 -taxa praticamente estável com relação ao ano anterior. Entre os brasileiros com nível superior, 8% declararam ter realizado trabalhos voluntários - é quase o dobro dos 4,7% verificados no segundo maior grupo, do ensino médio completo. Já entre aqueles sem instrução, foram apenas 2,9%.
Dentre os que declararam realizar trabalhos voluntários, 48,4% disseram fazê-lo quatro vezes por semana ou mais. O tempo médio gasto pelo brasileiro no voluntariado é de 6,5 horas semanais, segundo a pesquisa do IBGE. A pesquisa considera voluntário o trabalho não remunerado em congregação religiosa, sindicato, condomínio, partido político, escola, hospital, asilo, associação de moradores, ONGs ou grupos de apoio, entre outros.