As exportações de minério de ferro do Brasil cresceram 16,6% em julho ante o mês anterior, para 34,3 milhões de toneladas, maior nível em nove meses, após a Vale retomar a produção em sua maior mina de Minas Gerais, apontaram dados oficiais nesta quinta-feira.
O volume é o maior desde outubro de 2018, quando as vendas externas brasileiras de minério de ferro atingiram 37,2 milhões de toneladas, segundo dados compilados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
O montante de julho, entretanto, é 4,7% menor que o registrado no mesmo mês do ano passado.
As exportações brasileiras da commodity neste ano foram fortemente abaladas com o rompimento de uma barragem de rejeitos de minério da Vale, em Brumadinho (MG), em 25 de janeiro, que levou a uma paralisação de diversas atividades, para uma revisão da segurança.
Em abril, as vendas externas atingiram o menor volume em mais de sete anos, somando 18,3 milhões de toneladas e, desde então, têm se recuperado.
A Vale, que responde por grande parte dos embarques do país, obteve autorização em junho para retomar Brucutu, sua principal mina de Minas Gerais, de 30 milhões de toneladas anuais de capacidade.
Em meio ao corte de oferta no Brasil e também na Austrália, outro grande exportador global, o preço do minério de ferro exportado pelo país avançou para 74,7 dólares por tonelada, contra 69,5 dólares em junho e 50,4 dólares por tonelada em julho de 2018, na esteira de ganhos no mercado chinês, cuja produção de aço está crescente.
Com isso, a receita das exportações brasileiras atingiu 2,6 bilhões de dólares em julho, alta de 25,3% em relação a junho e avanço de mais de 40% quando comparado ao mesmo mês do ano passado.
O avanço das exportações, em meio a preços mais altos, poderá colaborar para uma recuperação esperada pela Vale no terceiro trimestre, após a companhia sofrer dois prejuízos trimestrais na primeira metade do ano, com impacto de provisões pelo desastre de Brumadinho.
O diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores da mineradora, Luciano Siani, afirmou nesta quinta-feira esperar que o segundo trimestre tenha sido de transição e que a empresa terá um terceiro trimestre "bastante forte para suportar a reparação e os futuros retornos aos acionistas".