Conforme previsto, geadas foram registradas na madrugada de domingo em várias cidades do Paraná, o principal produtor de trigo do Brasil, que têm lavouras em fases suscetíveis a perdas pelo fenômeno climático.
"Temperaturas negativas foram registradas, principalmente entre os Campos Gerais e o centro-sul. Destaque para São Mateus do Sul: -4,1°C, valor mais baixo de hoje nos termômetros nas redes de estações meteorológicas", afirmou o meteorologista Lizandro Jacóbsen, no site do Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar).
"O frio atingiu todo o Estado. Geadas também foram observadas na região da capital paranaense", acrescentou ele, em boletim.
Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), 35% das lavouras do Paraná estão em frutificação e 28% em floração, fases em que as plantações podem sofrer perdas por geadas.
Na véspera, o especialista em trigo do Deral, Carlos Hugo Godinho, havia alertado que geadas ocorreriam em áreas onde parte do trigo paranaense estava vulnerável a perdas pelo frio.
Geadas atingiram as lavouras do Paraná no início do mês passado, reduzindo a expectativa de produção em mais de 15%, para 2,7 milhões de toneladas, estimou o Deral anteriormente.
As eventuais perdas pelo frio do final de semana só poderão ser levantadas com mais precisão nos próximos dias.
Se mais perdas ocorrerem, é possível que o Brasil, um dos maiores importadores globais de trigo, tenha que ampliar suas importações, estimadas antes das geadas em mais de 7 milhões de toneladas.
O meteorologista Samuel Braun disse em boletim do Simepar que a ausência de ventos favoreceu a formação de geadas em diversas regiões paranaenses.
Na segunda-feira, a massa de ar frio e seco começa a perder força sobre o Paraná. No entanto, ainda há previsão de geada entre a madrugada e o amanhecer o sudoeste, sul, centro e parte do leste do Estado, segundo o Simepar.
Outros Estados, como o Rio Grande do Sul, também importante produtor de trigo do Brasil, registraram frio intenso.
Mas no território gaúcho as lavouras são plantadas mais tarde, e as plantações em geral estão agora em fases menos suscetíveis a perdas.
Outras culturas, como a cana, também sofreram perdas pelas geadas de julho, apontou a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), recentemente.