Lincoln Sabino é um jovem de 20 anos, estudante de gestão da Escola de Contas e Gestão do Tribunal de Contas do Estado (ECG/TCE), morador do Complexo do Lins, zona norte da cidade do Rio de Janeiro, e criou um projeto que gera mais de 10 mil empregos para os estudantes da Faetec.
"A ideia surgiu após eu ser eleito para presidir o grêmio da Faetec de Quintino e ter acesso aos altos valores licitatórios da Fundação em serviços terceirizados. Me perguntei por que serviços como manutenção elétrica ou de elevadores não poderiam ser realizados pelos próprios técnicos que a Faetec forma, criando um programa que economiza em mão de obra, remunera os próprios alunos e os prepara melhor para o mercado de trabalho. A fundação tem uma dívida de mais de R$ 700 milhões devido a más gestões anteriores, e muitos ex-alunos formados estão desempregados. Fiz a junção em prol dos dois fatores, e chamei o meu amigo Robson, que mora no entorno do complexo do Chapadão para participar comigo", conta Lincoln, que foi um dos 100 selecionados para o programa Chama na Solução da Unicef, uma iniciativa que apoia mudanças positivas que possam potencialmente impactar a vida de crianças e adolescentes do País, fazendo parte do Youth Challenge, iniciativa global que apoiará projetos de jovens de 16 países. Ao final do programa, cinco projetos receberão um financiamento de R$ 5 mil cada um para serem implementados.
No Brasil, a taxa de desemprego entre a juventude é mais que o dobro da taxa da população em geral, um contingente de 4,1 milhões de jovens na faixa etária de 18 a 24 anos. Diante desses dados, Lincoln trabalha em outra iniciativa na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Aler), um projeto de lei que obriga que todas as empresas que recebam benefícios fiscais do estado sejam obrigadas a ceder 10% de suas vagas para alunos formados na Faetec, gerando ainda mais empregos. O projeto é tão promissor que já está sendo articulado a nível nacional, na Câmara dos Deputados, para que englobe todas as escolas técnicas do país, gerando milhares de empregos para a juventude.
Lincoln também está buscando, na Câmara Municipal do Rio, um projeto de lei que recria o Conselho Municipal de Juventude, que foi extinto pelo prefeito Marcelo Crivella. "No Rio de Janeiro, onde a maioria dos jovens que entram para o tráfico é para ajudar a família, a nossa prefeitura se ausenta das políticas públicas para a juventude, para combater dados cruéis dos jovens periféricos. Mesmo sendo a segunda maior capital desse país, não temos sequer uma superintendência de juventude ou um conselho de juventude", conta Lincoln.
Em outubro, Lincoln participou do Conselho Nacional de Entidades Gerais (Coneg), da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, em São Paulo, e incentivou centenas de lideranças estudantis, de diferentes estados do Brasil, a pautarem o combate ao desemprego nos seus programas de grêmio estudantil. "Os grêmios estudantis precisam entender sua importância representativa dentro e fora do ambiente escolar, indo além de festas, pautando a participação da comunidade escolar nas decisões do orçamento, na administração, na situação pedagógica e, principalmente, nas políticas públicas que a envolvem no parlamento. Pois quanto mais envolvimento da comunidade, mais a escola se desenvolve", conta o brilhante jovem Lincoln.