Ricardo Vieira, economista da LCA, explica que este cenário passa pela possibilidade de a inflação ficar abaixo da meta, conforme indicam as previsões do mercado. "Olhando por este lado, com inflação sob controle, o BC pode usar os juros para conter a entrada de divisa no mercado doméstico", explica.
A consultoria destaca que o movimento mais recente de queda do dólar - que levou a cotação da moeda norte-americana a cair para abaixo de R$ 2,08 - esteve, em boa parte, associado à sinalização conservadora da autoridade monetária na ata da última reunião do Copom, quando o ritmo de queda da Selic caiu para 0,25 ponto percentual.
Vieira ponta que a atuação do BC no mercado de câmbio se intensificou depois da ata, que evidenciou um BC mais cauteloso.
"Essa perspectiva de que o diferencial de juros favorável ao Brasil deverá recuar de maneira lenta aumentou ainda mais o apetite dos investidores estrangeiros pelos rentáveis papéis brasileiros", apontou a consultoria em relatório, indicando que a partir da divulgação da ata do Copom, em 1º de fevereiro, foi verificada uma rápida ampliação das posições vendidas dos investidores estrangeiros nos mercados futuros de câmbio, sugerindo que esses investidores ampliaram suas posições em papéis denominados em reais negociados nos mercados internacionais.
Ainda de acordo com o economista, outras medidas poderiam ser tomadas para conter o derretimento do câmbio. Uma delas seria um choque de importações, que reduziria o elevado saldo comercial brasileiro, retendo a entrada de dólares. "A media é interessante para alguns setores, mas nunca é bem vista", avalia.
Outro fator que dificulta tal movimento é o fato de que o governo não pode conceder isenções ou cortar tributos sobre os produtos importados, pois não pode abrir mão de receita.
Mesmo estimando a possibilidade de uma atitude mais ousada do BC, a LCA mantém sua projeção de ritmo de cortes em 0,25 ponto percentual por reunião. "Continuamos trabalhando com corte de 0,25 ponto percentual durante todo o ano. Só que aumenta a chance de uma retomada nos cortes de 0,5 ponto percentual."
(Eduardo Campos - InvestNews)