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Cana impede queda do PIB do agronegócio, segundo CNA

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Agência Brasil

BRASÍLIA - O crescimento na industrialização e na distribuição de produtos agrícolas, motivadas principalmente pela cana-de-açúcar, impediu que a soma das riquezas produzidas pelo agronegócio brasileiro fechasse 2006 em queda. Segundo estudo divulgado nesta quinta-feira pela Confederação da Agricultura e da Pecuária (CNA), o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio encerrou o último ano praticamente estável, com crescimento de 0,45%, atingindo R$ 540,06 bilhões.

Quando se levam em consideração apenas as atividades realizadas dentro da fazenda, o resultado é negativo. De acordo com o levantamento, feito em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP), o PIB da agropecuária teve queda de 2,12%, passando de R$ 153,04 bilhões para R$ 149,80 bilhões.

O pior desempenho foi registrado na pecuária, cujo PIB caiu 4,45% no ano passado. Na agricultura, a queda foi bem menor, de 0,26%.

- O estudo constatou principalmente que a realidade dentro da fazenda está pior que do lado de fora - avaliou o superintendente técnico da CNA, Ricardo Cotta. - O principal problema foi a queda na cotação de vários produtos, principalmente das carnes - explicou.

Impulsionada pelas usinas de álcool, a indústria agícola, em contrapartida, teve crescimento de 2,24%.

- Foi a cana-de-açúcar que salvou o agronegócio de fechar o ano com retração - afirmou Cotta.

Para 2007, o estudo aponta um cenário de recuperação do agronegócio. A CNA estima que o Valor Bruto da Produção, que mede o faturamento do setor (total recebido antes do pagamento das despesas de produção, como salários, insumos e máquinas), aumente 9,9% neste ano, para R$ 189,3 bilhões. No último ano, esse indicador ficou em R$ 172,4 bilhões, com queda de 1,9% em relação a 2005.

Conforme a pesquisa, os setores que devem ter mais destaque neste ano são a laranja, com crescimento de 39,2% no Valor Bruto da Produção, o café beneficiado, com 16%, e a cana-de-açúcar, com 13,6%. Ricardo Cotta, no entanto, aponta que essa recuperação não deve se converter em aumento de renda para o produtor.

O superintendente técnico da CNA argumenta que a maior parte do dinheiro extra obtido pelos produtores neste ano será usado para absorver o aumento nos preços de diversas matérias-primas, como fertilizantes e defensivos.

- Muitas indústrias estão aproveitando a recuperação da agropecuária para aumentar preços - ressalta Cotta.

O estudo mostra que a uréia, um dos principais produtos usados para fertilizar o solo, aumentou 30% nos últimos 12 meses.

Para Cotta, outro fator que vai atrapalhar a recuperação da renda da agropecuária é o pagamento de dívidas.

- Nos últimos dois anos, muitos produtores em crise renegociaram os financiamentos e, muitas dessas dívidas, vencem nos próximos meses - explica. - De acordo com a CNA, esses compromissos somam R$ 20 bilhões em 2007. O que sobrar para o produtor deve ser insuficiente para pagar as dívidas de 2004 e 2005 - alerta Cotta.

Os números da CNA diferem do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que constatou crescimento de 3,2% do PIB do agronegócio em 2006. Segundo Cotta, as discrepâncias ocorrem por causa das metodologias diferentes utilizada nas pesquisas.

Enquanto o IBGE considerou o volume produzido e aplicou preços de 2005, a CNA levou em conta os preços médios de cada produto em 2006 para calcular a renda do setor.

De fato, a produção da agricultura e da pecuária cresceu no último ano, mas os preços caíram tanto que prejudicaram a renda do agronegócio e afetaram o resultado final, justifica o especialista da CNA.