Segundo ele, o mercado está muito aquecido, impulsionado pelo aumento do interesse dos fundos estrangeiros em investir em fontes de energia limpa. Ele ressalta que os investimentos estrangeiros em private equity devem atingir US$ 4 bilhões este ano, e boa parte desses investimentos deve ser aplicado no setor de álcool e açúcar.
O banco Pátria - Banco de Negócios lançou um fundo no valor de US$ 150 milhões, que tem como foco principal a área de energias renováveis, que envolvem pequenas centrais hidroelétricas (PCH´s), biomassa, termoelétricas e energia eólica. "O setor de energia renovável apresenta um grande potencial de crescimento´, afirma Alexandre Seigh, responsável pela área de private equity do banco.
O banco Société Générale também deve fechar três projetos ainda este ano. O banco lançou no ano passado um fundo de private equity que deve investir US$ 1 bilhão no prazo de quatro anos em aquisições de participação de grupos ligados à bioenergia. "O Brasil é de longe o produtor mais eficiente do mundo em termos de custo no setor sucroalcooleiro", afirma Patrick Funaro, gestor do fundo.
O banco UBS Pactula também está planejando entrar nesse mercado e estuda o lançamento de um novo fundo para esse setor.
De acordo com o sócio da área de Corporate Finance da KPMG, André Castello, a consolidação do setor tem impulsionado o número de fusões e aquisições, mas o preço elevado de algumas empresas tem dificultado o fechamento das transações. "Em 2006, o setor respondeu por 2% do número de fusões e aquisições, com nove operações, sendo que três delas contaram com a participação de fundos de investimento", afirma. A Infinity Bio-Energy, empresa de produção de biocombustíveis, já investiu cerca de US$ 300 milhões na aquisição de três usinas: Alcana e Cridasa, que pertenciam ao fundo inglês Evergreen, e Usinavi. A Infinity possui participação do fundo americano Kidd & Company, que possui 25% do seu capital, e deve entrar no setor de produção de biodiesel nos próximos meses.
Neste ano, já foram fechadas seis operações no setor, sendo que uma contou com a participação de fundos de investimento, que foi a Clean Energy Brasil (CEB), que tem como gestora executiva a Temple Capital Partners, que possui participação da consultoria britânica Czarnikow, e da consultoria brasileira Agrop (Agropecuária Orlando Prado Diniz Junqueira), além do banco de investimento inglês Numis Corporation. A última operação foi a aquisição de 49% da usina paranaense Usaciga, operação estimada em US$ 140 milhões.
A maior parte das usinas são de propriedade familiar e se concentram nas regiões de Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Goiás. Os Estados de Tocantins, Maranhão e Ceará também têm apresentado alto potencial de crescimento nesse setor.
O aquecimento do setor tem atraído novos investidores como o presidente da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), Eduardo de Carvalho, que logo após anunciar sua saída da entidade irá atuar como investidor no setor sucroalcooleiro, e deverá criar uma empresa de participação, a CZRE, em sociedade com três altos executivos da Coimex, que acabam de se demitir da trading.
Segundo ele, o grupo já comprou a participação de 60% de uma empresa do Centro-Sul, e o objetivo é expandir os negócios seja por meio de aquisições de novas usinas ou por meio de greenfield, construção de uma nova planta. "A idéia não é apenas produzir açúcar e etanol, mas de atuar também com uma trading, e poderá contar com a participação de fundos de investimento", afirmou.
(Silvia Regina Rosa - InvestNews)