De acordo com Pena, uma desaceleração da economia norte-americana não deve ter impacto muito forte para o crescimento mundial, uma vez que o peso dos Estados Unidos no comércio mundial tem caído, representando 27,6% do destino das exportações da América Latina e 11,9% do mercado comprador da Ásia. Segundo ele, um crescimento ainda muito forte da China, em torno de 10,5% a 11% ao ano em 2008, deve manter o preço das commodities elevado, beneficiando países exportadores de matéria-prima como o Brasil. 'Mesmo com uma desaceleração da economia nos EUA, o governo chinês ainda tem grande espaço para aumentar o investimento público', diz.
Pena afirma que é mais provável uma desaceleração moderada dos Estados Unidos, com o PIB crescendo cerca de 1,9% em 2008. Além disso, o Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) ainda tem muito espaço para cortar a taxa básica de juros para tentar amenizar um processo de recessão econômica. 'O Fed deve realizar mais um corte em dezembro, podendo cortar até 1,75 ponto percentual em 2008 até chegar a 2,75% caso for necessário', diz.
No entanto, o aumento do custo do crédito e a alta do preço do petróleo no mercado internacional devem influenciar a expansão dos investimentos em 2008, que deve registrar uma taxa ligeiramente menor que este ano em torno de 10%, com aumentro entre 7% a 8% em 2008, ficando acima do crescimento do PIB. O diferencial entre a Libor e os títulos do Tesouro norte-americano, que em condições normais gira em torno de 0,2% a 0,3%, chegou a alcançar cerca de 3% em setembro, o que elevou o custo dos empréstimos. 'Esse ciclo de expansão do investimento registrado nos últimos dois anos deve se traduzir em oferta, permitindo o crescimento sem gerar pressões inflacionárias', diz.
Apesar do Brasil estar menos dependente da economia norte-americana, uma possível recessão nos Estados Unidos poderia impactar o crescimento do Brasil. 'Num cenário mais pessimista, os Estados Unidos deve apresentar um crescimento de 1,2% do PIB em 2008, com queda mais forte nos dois primeiros trimestres', afirma.
Além disso, a estabilização da taxa de juro real no Brasil em 7,2% poderá reduzir o ritmo de crescimento, que deve ficar abaixo do patamar registrado esse ano.
Para o economista-chefe para a América Latina do Banco Calyon, Dalton Gardmam, a possibilidade de uma recessão nos Estados Unidos é muito provável, o que pode impactar o crescimento da China levando a uma queda no preço das commodities, o que afetaria o desempenho do Brasil, que deve apresentar uma expansão do PIB de 3,8% em 2008.
(Silvia Regina Rosa - InvestNews)