O documento também é assinado por representantes de ONGs da Argentina, Colômbia, Costa Rica, Bolívia, El Salvador, México, Equador, Paraguai, Tailândia, Holanda, Suécia, Alemanha e Estados Unidos, que participam de evento paralelo à conferência.
"Não aceitamos a idéia de que é possível haver sustentabilidade com os biocombustíveis, porque a cana invade as áreas das florestas e bosques e é responsável pelo trabalho escravo", explica Gilmar Pastorio, coordenador de Política Agrária da Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar do Brasil (Fetraf). Segundo ele, os biocombustíveis são responsáveis por substituir a matriz de alimentos para gerar energia. "Deixamos de produzir carne e feijão para fazer o etanol é um absurdo."
Para Pastorio, o zoneamento proposto pelo governo federal não será capaz de equilibrar a produção no país. "Esse zoneamento é uma piada porque o governo não poderá delimitar as áreas que podem e não podem ser da cana."
Uma das soluções apontadas pelos movimentos é repensar as novas formas de consumo e produção de energia. De acordo com Pastorio, a produção do etanol polui tanto quanto a extração de petróleo. "O biocombustível não vai salvar o planeta. Temos que reduzir o excesso de produção e de desperdício da energia para produzir melhorias climáticas", afirma.
De acordo com Alexandre Calderón, representante da Rede Mexicana de Acción Frente Al Libre Comércio (RMALC), as soluções para preservar o planeta que não sejam baseadas na produção dos biocombustíveis são simples: diversificar as matrizes energéticas e investir em energia eólica e solar. "Reduzir o transporte individual e diminuir distâncias dos centros produtores para os consumidores já é um passo."
O coordenador da Fetraf pontua que a agricultura familiar deve ser fortalecida e não sobreposta à produção de biocombustíveis. "É preciso ter a soberania alimentar neste país. Os biocombustíveis são responsáveis pela alta dos preços dos alimentos."
O secretário-executivo da Secretaria Geral da Presidência da República, Antonio Roberto Lambertucci, recebeu o documento e prometeu encaminhar as reivindicações aos ministérios da Agricultura, do Trabalho e outros interessados. "O diálogo com os movimentos sociais é uma das prioridades do governo Lula", ressalta.
As informações são da Agência Brasil.
(Redação - InvestNews)