Marta Nogueira, Jornal do Brasil
RIO DE JANEIRO - O pior ficou para trás no setor bancário e na economia brasileira como um todo, na avaliação de representantes dos maiores bancos brasileiros. Os spreads já declinaram para o nível pré-crise e as taxas de inadimplência apontam para o mesmo caminho.
Desde o início de 2009, o Brasil começou a apresentar um quadro de melhora, mas ainda não recuperou totalmente, pois o cenário anterior era de crescimento muito expressivo afirma o economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Rubens Sardenberg.
Uma consequência evidente da crise foi a migração de recursos de bancos menores para instituições maiores, principalmente para bancos públicos. Milhares de pessoas e empresas resolveram passar seus investimentos para bancos do governo por considerá-los mais seguros. Sardenberg destaca que Banco Central divulgou um salto de crédito de 11% de setembro de 2008 a abril de 2009, nos grandes bancos (acima de R$ 2 bilhões), enquanto os pequenos caíram 5%.
Foi o caso de Liliana Quaresma, gerente de produtos de uma companhia de telefonia. A executiva tomou algumas medidas de precaução quando começou a se falar na crise.
Passei rapidamente minhas economias para um banco do governo e tentei diminuir imediatamente meus gastos disse ela, que afirmou não ter sentido na pele nenhum efeito de retração econômica até agora.
Sardenberg lembra que a quebra do sistema financeiro internacional levou à redução do fluxo de capital externo, empréstimos e financiamentos de grande monta no Brasil. Mas, segundo ele, o país reagiu muito bem a esse abalo em relação ao resto do mundo e o governo teve um papel essencial para que tudo acabasse bem.
O presidente da Associação Brasileira de Bancos (Abba), Renato Oliva, concorda com Sadenberg. De acordo com ele, todos os bancos saíram fortalecidos da crise, em grande parte por causa das medidas anti-cíclicas que o governo criou. Oliva acredita que a crise trouxe alguns benefícios para o Brasil.
Hoje não se discute mais saúde de banco, se discute a concessão de crédito mais consciente, a educação financeira, o spread menor possível, os custos que nem sempre necessários. A conversa não é mais relacionada a crise e sim a prática de melhorias em relação ao consumidor e ao meio ambiente afirmou.