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Dilema do Copom: estimular economia ou controlar preços?

Sobre reunião, que começa nesta terça-feira (28) a aposta é de elevação da taxa de juros para 7,75%

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A reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom/BC) que que começa amanhã e decide o rumo na quarta-feira definirá se a taxa básica de juros da economia, atualmente em 7,5%, voltará a subir depois da última elevação de 0,25%. O governo vive o dilema de impulsionar o crescimento, que anda a níveis baixos, através da redução da Selic, ou controlar a inflação, aumentando os juros e freando ainda mais a economia.

Porém, para Pedro Paulo Bastos, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a elevação dos juros não surtirá efeitos diretos na inflação. "A inflação resulta de uma alteração estrutural na distribuição de renda em direção ao setor de serviços e de pressões localizadas de custos, neste caso, choque agrícola. Logo a reação deve envolver incentivo localizado à ampliação da oferta ou a restrição localizada do crédito, e não por meio da elevação da Selic, que tem efeitos generalizados que podem inibir a ampliação da oferta através de investimento", analisa. 

O Produto Interno Bruto (PIB) registra, desde 2012, índices muito abaixo do esperado pela equipe econômica do governo. Para estimular os setores produtivos e os investimentos, a presidente Dilma Rousseff tem autorizado constantes desonerações de impostos e descontos nas folhas de pagamento. Ainda sim, uma aparente contradição permanece: mesmo com o baixo crescimento, a inflação parece inabalável em seu ritmo de ascensão. 

"Esta elevação de custos está associada a estrangulamentos de oferta, inclusive com estoques de produtos agrícolas", completa Bastos. Esta também é a opinião do economista Paulo Silveira, analisa da corretora CGD Securities. 

"O que acelerou a inflação para esse nível, perto do teto da meta, foram choques, como a quebra da safra de grãos dos EUA, potencializada pela desvalorização do real frente ao dólar e pelo mercado de trabalho aquecido", afirma. Para ele, no entanto, as medidas compensatórias 'improvisadas" pelo governo, como desonerações, não atingem o objetivo esperado. "Estas medidas, ora para reduzir a inflação, ora para estimular a economia, não terão real efeito para o crescimento do país", analisa. 

Ainda assim, a aposta é que o Copom eleve novamente os juros, para 7,75%. O consenso  entre os economistas é um só: o nível de investimento precisa aumentar. Sem investimento, dizem eles, não haverá crescimento e corremos o risco de deixar para trás alguns importantes avanços.