A presidente Dilma Rousseff defendeu, na noite desta sexta-feira (14), que os países que integram o grupo do Brics - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - reforcem a cooperação para superar as atuais dificuldades econômicas mundiais. Durante reunião com os chefes de Estado do Brics, a presidente destacou que o quadro econômico mundial não melhorou conforme o ritmo previsto durante o último encontro do grupo, em Fortaleza (CE).
“Infelizmente, a situação da economia mundial não avançou muito desde julho. Chegamos ao final de 2014 vendo frustradas nossas expectativas iniciais de recuperação da economia mundial”, declarou Dilma. “Os países avançados não conseguiram uma recuperação consistente e o comércio internacional não cresce o suficiente para estimular os países emergentes. Pelo contrário. Estamos assistindo a uma queda do preço das commodities que sinaliza o enfraquecimento da economia internacional e vai comprometer a renda e o crescimento de alguns [países] emergentes”, completou a presidente.
De acordo com Dilma, a queda no preço das commodities - produtos primários com cotação internacional - reflete “uma reacomodação da economia mundial” às perspectivas de futura alta do dólar americano.
Defendendo a importância dos países avançados recomporem sua demanda interna aos níveis anteriores ao início da atual crise econômica mundial, “em vez de tentarem resolver seus problemas ampliando suas exportações”, a presidente destacou a importância da aprovação de criação do Banco de Desenvolvimento do Brics e do Acordo Contingente de Reservas. “Fundamentais para potencializar nossa atuação econômica e financeira”, acrescentou.
O encontro entre os chefes de Estado dos cinco países que compõem o Brics aconteceu pouco antes do início da 9ª Cúpula do G20, grupo que reúne as maiores economias do mundo e a União Europeia. A cúpula acontece em Brisbane, Austrália, onde a diferença em relação ao horário de Brasília são 12 horas a mais.
Hoje (15), Dilma discursará na primeira sessão plenária da cúpula, após participar de almoço oferecido a todos os chefes de Estado pelo primeiro-ministro da Austrália, Tony Abbott, e de uma cerimônia aborígene de boas-vindas ao país anfitrião.
Os países do G20 representam cerca de 85% do PIB mundial, 75% do comércio internacional e 60% da população do planeta. Além da infraestrutura, a regulação financeira e a troca automática de informações tributárias são temas que foram debatidos ao longo do ano em diversas reuniões e que terão seu desfecho nesta cúpula. Um dos tópicos deve tratar da melhoria da capacidade dos grandes bancos de absorver perdas caso tenham problemas e fiquem à beira da falência.