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Sexta, 9 de maio de 2025

'La Nación': Comércio bilateral entre Argentina e Brasil afundou

Déficit argentino com o país triplicou em um ano, diz jornal 

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A tormenta é quase perfeita: o feroz ajuste no Brasil e a desvalorização do real somados ao atraso cambial do peso e a escassez de dólares na Argentina. O resultado impacta: em apenas um ano, o déficit comercial com o principal parceiro do país triplicou. É o que diz um artigo do jornal argentino La Nación, publicado nesta terça-feira (05/08).

No acumulado dos primeiros sete meses do ano, o vermelho chegou a US$ 1240 milhões, o que representou um incremento de 213% em relação ao resultado do mesmo período do ano passado, quando o déficit comercial com o Brasil alcançou - segundo informou a consultoria Abeceb - US$ 396 milhões.

Nesse mesmo período, o comércio bilateral se contraiu 16,4%. "A queda é notável, levando em conta que se parte de uma base de comparação baixa, já que em 2014 já havia caído 21%", disseram os especialistas da consultoria privada.

Em julho, o comércio entre os dois países se reduziu em 14,7%, sempre na medida interanual. As exportações despencaram 27,1%, enquanto que as importações caíram 2,3%. O saldo comercial do mês registrou um déficit para a Argentina de US$ 317 milhões.

"A diferença do ano passado, quando a queda do comércio se explicou principalmente pelas menores importações, este ano se destaca uma forte queda das exportações, explicada em 70% pelas menores vendas do setor automotivo", explicaram. As causas devem ser buscadas na contração da atividade no Brasil, mas também na piora da competitividade local como consequência da desvalorização do real.

"O Brasil seguirá dando más notícias, já que reduzirá a demanda de produtos argentinos e isso impacta na indústria local, fundamentalmente no setor automotivo. No entanto, são variáveis que o setor produtivo local já avaliava", sustentou Dante Sica, diretor da Abeceb.

Para Jorge Vasconcelos, economista do Ieral, depois das eleições a Argentina poderia transitar um "ajuste desordenado" como o do Brasil. Para que isto não seja assim, recomendou múltiplas reformas, ordenar as variáveis fiscal e cambial e que "apareçam vetores compensadores" para atrair investimentos e voltar a crescer.