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'WSJ': Resistência da economia americana deixa Fed mais perto de elevar juros

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Matéria publicada nesta quinta-feira (24) pelo The Wall Street Journal conta que os dirigentes o Federal Reserve (Fed) disseram que um aumento na taxa referencial de juros do banco central dos Estados Unidos pode ocorrer num período “relativamente breve”, se os dados continuarem mostrando uma melhora da economia americana. Alguns deles, inclusive, defenderam explicitamente uma alta já em dezembro. Algumas dessas autoridades argumentaram que “um aumento deveria ocorrer na próxima reunião” de política monetária, segundo as atas do encontro anterior, realizado nos dois primeiros dias de novembro. Divulgadas ontem, depois do intervalo tradicional de três semanas, as atas indicam que o Fed está inclinado a elevar os juros na reunião de 13 e 14 dezembro, exceto se o cenário mudar.

“A maioria dos participantes manifestou a opinião de que seria apropriado elevar a faixa da meta da taxa dos fundos federais” dentro de um período relativamente breve, afirmam as atas, referindo-se aos juros referenciais de curto prazo.

Segundo a reportagem, ainda assim, os dirigentes permanecem divididos. Um grupo queria adiar a alta dos juros até ver mais progresso da inflação e dos empregos, enquanto outro já estava pronto para subir os juros no início de novembro.

O Journal diz que o cenário econômico mudou significativamente desde a última reunião, ocorrida antes da vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais de 8 de novembro, resultado que tem reverberado nos mercados financeiros.

As expectativas do mercado de que haverá uma alta nos juros em dezembro aumentaram desde a eleição devido ao fluxo de dados econômicos saudáveis e a previsão de que o presidente eleito irá implantar estímulos fiscais quando assumir.

Antes da divulgação das atas do Fed, ontem, os futuros de fundos federais — usados pelos operadores e investidores para fazer apostas na política do banco central — mostravam que eles atribuíam uma probabilidade de 98,2% de os juros subirem na reunião do Fed em dezembro, segundo dados da operadora de bolsas CME Group.

Os dirigentes se recusaram a elevar os juros em novembro devido ao volume relativamente limitado de informação disponível desde a reunião de setembro, preferindo esperar por mais dados sobre inflação e emprego.

“Os membros concordam, em geral, que a justificativa para um aumento nos juros continuou se fortalecendo. Mas a maioria dos membros julgou que o comitê deveria, por enquanto, esperar por mais evidências do progresso em direção aos seus objetivos”, dizem as atas.

Apesar de os dirigentes terem concordado, em geral, que as condições do mercado de trabalho continuaram a melhorar durante o período entre as reuniões, eles ficaram mais divididos sobre a inflação, segundo as atas.

E embora os dirigentes tenham considerado as leituras de inflação dos últimos meses, que foram maiores que o esperado, como algo positivo, alguns argumentaram que essa pequena alta pode ter sido causada por fatores passageiros, enquanto “alguns outros” afirmaram que a inflação pode alcançar a meta do Fed, de 2% ao ano, mais rapidamente que o previsto anteriormente.

Em dezembro de 2015, o Fed elevou sua taxa referencial de juros para a faixa de 0,25% a 0,5% ao ano, esperando realizar mais quatro altas de 0,25 ponto percentual durante 2016. Mas o banco central acabou não fazendo isso devido a dúvidas sobre a economia, o emprego e problemas externos.

A avaliação dos formuladores de política sobre o emprego é positiva. Eles concordam que as condições do mercado de trabalho nos EUA melhoraram desde a reunião de setembro. Alguns, porém, defendem que é melhor deixar a taxa de desemprego cair abaixo de seu nível normal de longo prazo para, com isso, estimular a inflação.

No conjunto, as atas reforçam as expectativas do mercado e dos analistas de uma alta de juros em dezembro. Nada menos que 96,5% dos economistas entrevistados numa recente pesquisa do The Wall Street Journal, realizada depois da eleição, esperava que o Fed aumentasse os juros em sua reunião de dezembro.

A inflação está abaixo da meta de 2% do Fed há mais de quatro anos, mas atas observam que ela aumentou nos últimos meses. O índice de gastos com consumo pessoal, a medida de inflação preferida do Fed, cresceu 1,2% em setembro ante o mesmo mês de 2015 — o número mais robusto em relação ao ano anterior desde novembro de 2014, mas ainda abaixo da meta.

Ao falar ao comitê econômico do Congresso americano, na semana passada, a presidente do Fed, Janet Yellen, praticamente repetiu o cenário de melhoria econômica descrito nas atas, dizendo aos legisladores que um aumento nos juros aconteceria num período “relativamente breve”.

Outras autoridades do Fed, como o presidente da regional de Dallas, Robert Kaplan, disseram nos últimos dias que a instituição deve começar a apertar a política monetária.

Os dados econômicos dos EUA se mostraram robustos desde a última reunião do Fed. Relatórios do governo sobre emprego, vendas no varejo e mercado imobiliário descrevem uma economia em fortalecimento. Ontem, o Departamento do Comércio divulgou que as encomendas de bens duráveis de outubro registraram seu maior salto em um ano e que a confiança do consumidor dos EUA subiu em novembro.

As atas não fizeram uma referência direta à eleição, mas “alguns participantes observaram que a incerteza sobre as perspectivas das políticas de governo, horizontes de prazo menores para investimentos das empresas ou a possibilidade de avanços tecnológicos revolucionarem modelos de negócios existentes deve afetar os planos de gastos de capital”.