The Economist publicou nesta sexta-feira (25) uma matéria sobre as questões que fazem do Sul do Brasil uma região diferenciada, e portanto, tendo sido menos abalada com a crise econômica que assola o país.
The Economist analisa que os três estados do sul do Brasil - Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul são um legado de imigrantes da Alemanha, Polônia e outros países da Europa Central que, juntamente com os italianos do norte, colonizaram a região a partir de meados do século XIX.
O noticiário diz que o Sul do Brasil tem o mesmo tamanho da França e se sente como uma região à parte, por várias maneiras. As temperaturas podem cair até abaixo de zero em terrenos montanhosos; Barracas em bairros mais pobres das cidades costeiras são cobertas com telhados inclinados, como se construídos para a neve.
Os sulistas preferem o chá de erva-mate aos cafezinhos, e olham tanto para o Uruguai quanto para a Argentina quanto para o resto do Brasil. Florianópolis, capital de Santa Catarina, tem vôos para Buenos Aires, mas não para Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, o segundo maior estado do país, observa The Economist.
> > The Economist Brazil’s three southern states escape the worst ravages of recession
Hoje em dia, a ,a maior diferença dos sulistas é sua econômica. Embora a região não tenha sido poupada da pior recessão da história moderna do Brasil, seus efeitos foram mais leves, aponta o texto de Economist.
A taxa de desemprego do sul dobrou para 8% desde que a recessão começou em 2014, mas permanece bem abaixo da média nacional de 11,8%. As receitas de impostos sobre vendas mantiveram o ritmo da inflação, um sinal de consumo resiliente. Em São Paulo, a potência industrial brasileira caiu em termos reais. Esta força tem suas origens na história industrial, mas a região também tem lições para ensinar ao resto do Brasil.
A sorte do Sul começa com o clima e a geologia. O sul não é hospitaleiro para a cana-de-açúcar e o café, mercadorias que atraíram os magnatas portugueses para o nordeste do Brasil, onde estabeleceram uma economia baseada na extração e exploração do trabalho escravo, observa The Economist. Os depósitos minerais estimularam concentrações de riqueza e poder em outras regiões. As terras agrícolas do sul, boas para culturas como trigo e milho, atraíram camponeses destituídos que compraram pequenas propriedades e cultivaram. Ainda hoje, apenas uma em sete fazendas no Rio Grande do Sul tem mais de 80 hectares. Os rigores iniciais criaram uma cultura de auto-suficiência.
"Você tinha que ser empreendedor apenas para sobreviver", explica o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo.
The Economist ressalta que as tradições de independência e propriedade familiar moldam o negócio de hoje no Sul, equivalente ao centro brasileiro do Mittelstand, onde estão as empresas médias da Alemanha.
O investimento estrangeiro está aumentando a vantagem de fabricação do sul, acrescenta The Economist. A montadora alemã BMW abriu sua primeira fábrica brasileira em Santa Catarina há dois anos; A Renault, uma rival francesa, está gastando 740 milhões de reais (218 milhões de dólares) para expandir no Paraná.
O setor de tecnologia é em grande parte cultivado em casa. Florianópolis é um dos principais pólos de start-up do Brasil. Suas empresas de tecnologia pagam mais em impostos do que o bem desenvolvido setor turístico da cidade. As capitais dos outros dois estados estão muito próximas, finaliza The Economist.