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'The Wall Street Journal': Setor de mineração se entusiasma com promessas de Trump

Alguns executivos dizem que novo presidente pode acabar prejudicando

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Matéria publicada nesta sexta-feira (10) pelo The Wall Street Journal conta que quando Donald Trump venceu a eleição para presidente dos Estados Unidos, em novembro, foi um momento animador para Ivan Glasenberg. O diretor-presidente da Glencore PLC, uma das maiores mineradoras e trading de commodities do mundo, acredita que o programa de US$ 1 trilhão em investimentos em infraestrutura proposto por Trump poderia impulsionar os preços dos minerais que a empresa suíça extrai e negocia, de acordo com pessoas a par do assunto.

O entusiasmo com a proposta de Trump é amplamente compartilhado no setor mundial de mineração, segundo entrevistas feitas esta semana pelo The Wall Street Journal com mais de uma dezena de executivos e especialistas durante o evento Investindo nas Minas Africanas Indaba, o principal do setor no mundo. O governo Trump foi um tema constante no evento, alimentando discussões políticas em painéis e conversas em geral.

> > The Wall Street Journal Mining Executives Extol Donald Trump’s Policies

Segundo a reportagem as ações das empresas de mineração subiram bastante desde a eleição de Trump. Tanto o portfólio do BlackRock World Mining Trust, da gestora de fundos BlackRock Inc., um dos maiores detentores de ações do setor, quanto o Índice S&P de Metais e Mineração, acumulam alta superior a 20% desde a eleição. Isso comparado com o ganho de 9,4% da Média Industrial Dow Jones. As metas de gastos de Trump, assim como seus planos de reduzir as regulações impostas sobre recursos emissores de carbono, como o carvão, podem beneficiar a indústria global, dizem executivos de mineradoras.

O diário norte-americano acrescenta que os planos de Trump de gastar US$ 1 trilhão em estradas, pontes, aeroportos e outras obras de infraestrutura ainda não se materializaram em uma legislação. Os gastos em infraestrutura têm sido mais apoiados pelos Democratas do que pelos Republicanos no poder e é parte de uma vasta e complicada agenda que inclui uma reforma fiscal e uma possível revogação do “Affordable Care Act”, a lei de saúde criada por Barack Obama que ficou conhecida como “Obamacare”.

Journal aponta que durante a campanha, Trump disse ser é “a última aposta dos mineradores”. O plano de Trump para o setor define que sua meta é “maximizar o uso dos recursos americanos” e ressuscitar “a indústria de carvão americana, que vem sendo prejudica há muito tempo”. As perspectivas para os mineradores de carvão dos EUA foram reduzidas drasticamente ao longo dos últimos anos, à medida que o gás natural, abundante e barato, foi substituindo o carvão como principal opção energética no país.

O noticiário avalia que de forma mas ampla, as mineradoras também foram afetadas pela queda nos preços das commodities em 2015, com a desaceleração da China. Os preços subiram no ano passado e executivos presentes no evento na África do Sul disseram esperar que os preços permaneçam estáveis no curto prazo. Há razões que vão além da vitória de Trump para o atual otimismo no setor de mineração, assim como para a alta das ações dessas empresas. O mais importante é o estímulo do governo chinês, que tem ampliado a demanda no maior mercado consumidor de commodities.

WSJ acredita que somente o apoio de Trump não basta para colocar a indústria mineradora de volta nos trilhos. Nos EUA, a dificuldade que o setor de carvão tem enfrentado para se manter competitivo vai além das regulações ambientais que o novo governo pretende amenizar. Mas alguns executivos dizem que Trump pode acabar prejudicando, não ajudando o setor. Eles temem o impulso protecionista de Trump, incluindo as ameaças de elevar os impostos de produtos importados da China e outros lugares. Tais medidas podem desencadear guerras comerciais, reduzindo o crescimento e a demanda por recursos naturais, de acordo com os executivos.

De acordo com o periódico financeiro outra preocupação é com relação ao dólar. Um aumento no crescimento da economia dos EUA poderia valorizar a moeda americana, que é usada para definir o preço da maioria das commodities mundo afora. Um dólar forte geralmente pressiona a demanda dessas commodities para baixo e prejudica as mineradoras. Um aumento nos impostos de importação nos EUA provavelmente teria implicações fortes nos preços das commodities no mundo todo e poderia fazer que o dólar disparasse mais de 10% em relação a outras moedas, segundo Robert Ryan, vice-presidente da firma canadense de dados financeiros BCA Research. Algumas mineradoras de ouro, especialmente, estão preocupadas. Quando o dólar sobe, a cotação do ouro geralmente cai.

Outros dizem que as incertezas com relação às políticas de Trump poderiam ser benéficas para o ouro, finaliza The Wall Street Journal.

“Tudo o que precisamos é um bom tweet todo fim de semana” para manter os preços do ouro em alta, diz Srinivasan Venkatakrishnan, diretor-presidente da AngloGold AshantiLtd., da África do Sul, referindo-se ao prolífico uso do Twitter pelo presidente americano para abordar uma ampla gama de tópicos — geralmente adotando uma linguagem contundente.

“A incerteza geralmente ajuda a alimentar o preço do ouro”, acrescenta Venkatakrishnan.