SÃO PAULO , SP (FOLHAPRESS) - Dividido entre objetivo de se formar no exterior e a aventura de tentar repetir nos gramados o sucesso que Adriano, 37, obteve com o futebol, Thiago, 19, irmão caçula do atacante vem curtindo um período de descanso e lazer desde que desembarcou no Rio de Janeiro, em maio deste ano.
Atacante como o irmão, tem 1,79 m, ele jogou nas categorias de base do Flamengo de 2009 a 2013 e teve como companheiro o zagueiro Thuller, que está entre os profissionais do elenco atual. Após completar o primeiro semestre do curso de administração da Saint Vincent College, em Latrobe, na Pensilvânia, ele aproveita as férias da maneira que mais gosta: ao lado da família.
"Claro que penso em ser jogador. Se aparecer alguma coisa aqui no Brasil, uma coisa certa, eu volto. Mas se surgir uma oportunidade nos EUA, eu fico por lá mesmo. Já estou levando a minha vida lá. Vou poder estudar, poder jogar", diz.
Longe da terra natal desde 2016, o irmão do Imperador completou os estudos no Saint Benedict's Preparatory School, escola católica só para meninos e que é referência no futebol.
O início de 2019 marcou a entrada de Thiago na faculdade, onde cumpriu o primeiro semestre de administração. Apesar de ter mais três anos e meio pela frente para concluir o curso, o futebol segue atrelado a sua rotina. A partir de agosto, junto com o reinício das aulas, ele começa a disputar o campeonato universitário.
"Eu não tenho procurador, empresário, nada. Quem cuida, orienta e decide essas coisas de estudos e foco no que eu tenho que fazer é a minha mãe", conta o garoto.
Com um mês ainda para aproveitar o convívio do irmão e o aconchego da família, ele citou mais um ensinamento da mãe Rosilda para seguir no seu objetivo de se preparar para a vida nos EUA.
"Ela fala que sempre vão aparecer problemas, mas quando as coisas são difíceis, no final vão ter coisas boas também. Quando as coisas estão muito fáceis, têm alguma coisa errada", afirmou.
Durante a entrevista, Thiago falou em Deus algumas vezes, principalmente quando perguntado sobre o que fará num futuro próximo. Com o 'exílio' nos EUA, criou alguns hábitos como o de rezar antes de ir para a aula e também quando vai entrar em campo. "Eu confio muito em Deus e sempre peço para tentar fazer as coisas certas, seguir o caminho correto e ser sempre humilde."
Fã de rap e pagode, o jovem está aproveitando o período em casa para ficar ao lado de Adriano, seu grande ídolo. "Quando estou nos EUA, a gente se fala pelo Facetime toda a semana. Diz que eu estou fazendo a melhor coisa da minha vida ao estar estudar fora. Nós somos muito ligados. Tipo pai e filho."
E de fato a presença do ex-Flamengo é muito marcante na vida do irmão. Para Thiago, a primeira lembrança que vem à cabeça quando o assunto é futebol é gol de Adriano contra Argentina na decisão do título da Copa América de 2004. "Eu estava dormindo e acordei assustado, a família gritando, a maior festa. Foi uma alegria só lá em casa", relembrou.
Neste período de férias, o garoto passa o dia com Adriano assistindo filmes, vão ao cinema, são figurinhas carimbadas nos churrascos de família e, claro, vão para a favela da Vila Cruzeiro. "Vamos, pô. Sempre aparecemos lá. Vou direto com o meu irmão. Ele vai, sempre foi. Não tem como deixar de ir."
Doze anos mais novo que o irmão, Thiago diz que o ex-atacante da seleção brasileira vive um momento especial na vida. "Ele está muito feliz. Resolvendo as coisas, curtindo muito a família. Fomos num evento em São Paulo onde ele foi muito bem recebido e tem o lance do filme né, que ele está curtindo muito."
Ele se refere a "Eu só quero é ser feliz", produção que fala sobre a vida do Imperador. Aos 37, ele não joga futebol profissionalmente desde 2016, quando atuou no Miami United. Antes, em 2014, teve uma passagem pelo Athletico-PR.
O título do filme em homenagem ao jogador faz referência a trecho da música "Rap da felicidade." Para o irmão ele é simbólico sobre o momento da vida de Adriano. "A pessoa tem que ser feliz do jeito que ela é, do jeito que se sente bem. Muita gente quer que ele seja de um jeito, e ele não gosta."
Embora evite dar palpites sobre o tema, Thiago deixa escapar que gostaria de ver o irmão novamente em campo. "Claro que gostaria de ver o Adriano jogando. Seria um sonho, sim. Se voltar, queria ele jogando no Flamengo."