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Quatro anos depois, Inter de Milão teme novo escândalo

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Grégoire Lemarchand , Agência AFP

ROMA, ITÁLIA - O Inter de Milão, único grande clube que não viveu seu "Calciopoli", o grande escândalo de partidas arranjadas que afetou o futebol italiano há quatro anos, poderia estar envolvido no caso após a publicação de uma série de escutas telefônicas de dirigentes do clube.

No momento não há nenhum processo aberto nem na justiça desportiva nem na ordinária, não existindo elementos que envolvam diretamente o clube, como foi o caso da Juventus, da Fiorentina, Reggida, Milan e Lázio, os times punidos há quatro anos.

Mas para um clube que sempre disse estar longe dos atos de corrupção do futebol italiano, as recentes revelações colocam em dúvida sua honestidade.

Tudo começou durante o processo penal do "Calciopoli", que está ocorrendo em Nápoles há vários meses.

Os advogados de Luciano Moggi, ex-diretor-geral da Juve e homem central do escândalo, começaram a deixar vazar à imprensa as transcrissões de escutas telefônicas dos anos 2004-2005.

Nestas gravações se ouve Paolo Bergamo, ex-responsável pela escolha dos árbitros, falando com dirigentes do Inter, como o ex-presidente Giacinto Facchetti, hoje falecido, e com o presidente atual, Massimo Moratti.

Ainda que nas conversas não haja sinais de corrupção, o fato de que os dirigentes elogiam vários árbitros é motivo de dúvida.

Para os advogados do ex-diretor-geral da Juventus, o objetivo do vazamento de informações é demonstrar que seu cliente não era o único que mantinha conversas com o corpo arbitral e que não deve ser o único a ser castigado.

Os investigadores que realizaram as escutas garantem que estas conversas foram descartadas porque não eram relevantes - uma tese também defendida por Massimo Moratti, o atual presidente do Inter.

Entretanto, a federação italiana de futebol quer ser prudente e espera o final do julgamento em Nápoles, onde os advogados de defesa já prometeram novas revelações.

Quatro anos depois do escândalo que manchou a imagem do futebol do país, a Itália não precisa de um novo caso, que afetaria o atual campeão da Série A e semifinalista da Liga dos Campeões.

Além disso, um novo "Calciopoli" poderia enterrar definitivamente a candidatura italiana para organizar a Eurocopa-2016, que já perdeu em 2007, apesar de ser a favorita, contra o grupo formado por Polônia e Ucrânia.

Enquanto isso, na Juventus, que perdeu o título e foi sancionada passando para a segunda divisão em 2006, os dirigentes também são prudentes, mas garantem que se reservarão o direito de recorrer à justiça em caso de novas provas.

A antipatia pela Juventus é muito mais agressiva e o jornal Tuttosport de Turim já lançou uma petição para que seja retirado o título de campeão 2006 ao Inter de Milão.