ROMA - A recente polêmica entre um levantador italiano que participou de um treino da seleção brasileira durante a preparação para o Mundial de Vôlei irritou o técnico Bernardinho. Em entrevista concedida ao Terra nesta sexta-feira, o comandante disparou contra a Federação Italiana e veículos de imprensa que chamaram o jogador de "traidor" por ajudar uma equipe rival. Além disso, não poupou críticas ao regulamento da competição para as próximas fases.
"A Federação Italiana tem um olho permanente no Brasil, pelos nossos resultados, e isso vem causando um desconforto muito grande aqui. Desde 2006, a federação italiana soltou uma nota pedindo para que os clubes daqui não recebam o Brasil. Na verdade, as nossas vitórias incomodam muito a federação aqui", afirmou o técnico, questionado sobre a presença do jogador do Marmi Lanza, equipe da primeira divisão do Campeonato Italiano, para substituir Marlon, que sofre de uma doença inflamatória no intestino que o afastou da primeira fase da competição.
"Estamos sem um levantador e pedi ao treinador de uma equipe local de Verona, o que é normal. O que aconteceu é que um jornal local fez uma reportagem sobre isso. É um rapaz que é do esporte, veio para 50 minutos de treinamento, ganhou uma camiseta e ficou super feliz. É um torcedor fanático da seleção italiana. Foi uma posição covarde contra o rapaz que participou do treinamento e deu uma colaboração. Merece ser cumprimentado pelo espirito esportivo", afirmou.
Criticado pelo país e até ameaçado de ser multado pela Federação, Latelli chegou a desabafar em um jornal italiano e a polêmica chegou até os jogadores da Seleção Brasileira, que defenderam o italiano. Já nesta quinta, a entidade negou qualquer possibilidade de represália ao jogador, por meio do vice presidente Luciano Cecchi e falou em "laços de amizade" com os brasileiros.
No entanto, a revolta de Bernardinho não se resume à polêmica dos treinos. O comandante da equipe verde e amarela também não poupou críticas ao regulamento do torneio. Na segunda fase, a imprensa mundial aponta possibilidades de manipulação de resultados, já que os segundos colocados de cada chave têm maiores chances de escapar do "grupo da morte" na próxima etapa.
"É realmente revoltante e decepcionante. Saio deste Mundial triste com o que o voleibol viveu, com elementos que não são do esporte. É um regulamento vergonhoso. Uma forma injusta, incorreta e antidesportiva de como a competição vem se desenvolvendo".