Maior ídolo rubro-negro, Zico viveu um período de desgosto com o Flamengo, após sua frustrada passagem pelo comando do futebol do clube, em 2010. O prestígio imensurável que o ex-jogador tem não foi suficiente para que o retorno dele tivesse um final digno de sua história no clube. Zico saiu triste, e vinha preferindo evitar até mesmo comentários sobre o Flamengo.
Na noite de ontem, o atual treinador da seleção do Iraque voltou a demonstrar esperança em relação ao Flamengo, ao anunciar apoio à candidatura de Wallim Vasconcellos à presidência do clube. E ao mencionar a grandeza do clube rubro-negro, exaltou sua torcida, o grande patrimônio, segundo o ex-jogador, da instituição.
Zico não conteve a empolgação ao falar do tamanho e da paixão dos torcedores, especialmente no interior do país, e aproveitou para provocar o Corinthians, clube que tem a segunda maior torcida do Brasil, atrás justamente do Flamengo.
"Com todo o respeito ao Corinthians, mas eles estão bem longe da gente", afirmou Zico, ao falar a uma plateia de cerca de 300 pessoas, no Cine Leblon, na zona sul do Rio.
O maior jogador da história do Flamengo lembrou que tem viajado por todo o Brasil com seu projeto Zico 10, e vem testemunhando a força da torcida rubro-negra em todo o país. Segundo ele, a maciça presença de flamenguistas é um dos legados de que mais se orgulha dos anos em que vestiu a camisa vermelho e preta. Acrescentou que muitas pessoas que passam pela administração do clube não tem noção do que o Flamengo representa em regiões interioranas.
"Ontem, de 200 pessoas que estavam lá em Laguna (SC), 199 estavam com camisa do Flamengo. Aí vou para o Pará, em Itaituba e Santarém, é só Flamengo. Acho que essas pessoas, quando trabalham aqui, tem que ter noção do que é o Flamengo, não só no Brasil, como no mundo inteiro. Ainda tenho essa felicidade, por estar trabalhando fora do Brasil, ver o que representa o Flamengo", explicou.
Em recado à chapa a qual declarou apoio, Zico disse que o Flamengo precisa voltar a pensar grande. E essa ambição passa pelo plano de internacionalizar o clube, ampliando a fama do time carioca no exterior com a conquista de mais títulos.
"Esse é um olhar que falta às pessoas que estão dentro do Flamengo. É preciso internacionalizar o Flamengo, e não ficar vivendo de um título mundial que teve há 30 anos. O Flamengo é muito grande para ficar dimensionado só aqui dentro dessa forma".
Zico participou do lançamento da candidatura de Wallim à presidência do Flamengo. As eleições estão marcadas para dezembro. Ex-diretor do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o candidato encabeça chapa que conta com executivos que fizeram carreira de sucesso no mercado de negócios. Estão no grupo o ex-presidente do Banco Central, Carlos Langoni, o sócio-diretor do grupo EBX, Flávio Godinho e o presidente da Visa do Brasil, Rubén Osta. Integram ainda a chapa Rodolfo Landim, ex-presidente da Petrobras Distribuidora, e David Zylberstajn, que comandou a Agência Nacional do Petróleo (ANP) de 1998 a 2001.
A maior parte dos executivos não tem histórico de atuação política no clube. Eles alegam que decidiram disputar o controle administrativo do por não se conformarem com os rumos que a atual administração, comandada por Patricia Amorim, vêm dando ao clube.
Mestre de cerimônias do evento, o humorista Claudio Manoel, do Casseta e Planeta Urgente, disse estar cansado de ficar torcendo para que o Flamengo não seja rebaixado, e ironizou a atual presidente rubro-negra, ex-nadadora do clube. "A gente sabe o que a presidente faz. Ela nada", criticou.
Nem mesmo os atrasos de salários escaparam da língua afiada do humorista. "A única coisa que o Flamengo paga em dia hoje é mico", brincou Claudio Manoel.