Diversos ex-jogadores e profissionais do futebol estiveram nesta terça-feira (06) no cemitério São João Batista, em Botafogo, oferecendo conforto ao tetracampeão Zagallo, que perdeu a esposa, Alcina, de 81 anos na noite desta segunda-feira (5), vítima de insuficiência respiratória. Ela era casada com o ex-jogador e técnico do Botafogo e da Seleção Brasileira, entre outros, há 57 anos.
Um dos presentes era o técnico Carlos Alberto Parreira. Ele trabalhou com Zagallo nas Copas do Mundo de 1970 e 1974, como preparador físico, e, já como treinador, teve o apoio do amigo em 1994 e 2006. No entanto, a passagem mais marcante de sua convivência de 40 anos com o casal em 1976, aconteceu quando foram trabalhar no até então desconhecido Kuwait:
"Guardo acima de tudo a amizade e o carinho nessa convivência com Zagallo e Alcina, que vem desde 1970. A recordação mais marcante que tenho é o período em que fui trabalhar com ele no Kuwait, o qual fomos os primeiros a desbravar. Ficamos lá por um ano e meio e dividíamos um apartamento. Eu, minha mulher, Zagallo e Alcina. Ela deixou uma história de vida muito legal e um grande legado, com seis filhos e quatro netos", recordou.
O enterro foi uma cerimônia rápida por volta das 16h. Zagallo ficou o tempo todo ao lado da sepultura e, mesmo bastante emocionado, foi discreto. Após uma salva de palmas, o túmulo foi fechado e o tetracampeão recebeu os cumprimentos de amigos e parentes que compareceram ao local.
Américo Faria, que também trabalhou com Zagallo em suas várias passagens pela Seleção Brasileira, frisou que será preciso acudir o amigo nesse momento tão difícil e lembrou da união que ele mantinha com Alcina, que os levou a superar diversos preconceitos ao longo das quase seis décadas de casamento:
"Vamos estreitar ainda mais o contato com ele agora, porque vai precisar do apoio dos amigos. Viemos trazer o nosso sentimento, tínhamos uma afinidade não só profissional, mas também sentimental com os dois. É uma grande perda", resumiu o ex-gerente de futebol da CBF, que tem o casal como padrinhos de seu casamento. "Eles tinham uma história pitoresca e enfrentaram muita coisa para ficarem juntos. Naquela época casar com jogador de futebol não era bem visto pela família da noiva, ao contrário do que acontece hoje. Mas isso não foi obstáculo para que ficassem juntos", concluiu.
O ex-jogador Bebeto, treinado por Zagallo nas Copas de 1994 e 1998, compareceu ao cemitério ao lado da mulher. Muito emocionado, ele chorou durante o enterro e preferiu não falar com a imprensa. Mais cedo, durante o velório, outros ex-jogadores, como Gérson e Evaristo de Macedo, também passaram pelo local.