O Ultimate Fighting Championship (UFC) terá que lidar com um grande problema em breve. Falta renovação de talentos no MMA mundial e é preciso fazer grandes mudanças para que isso não atrapalhe o crescimento do esporte. Essa é a visão do experiente Demian Maia, lutador que classifica o MMA como "esporte mais difícil do mundo".
Na verdade Demian Maia não está sozinho nessa análise. Outro atleta veterano, Rodrigo Minotauro, foi quem comentou primeiro sobre isso. Questionado pelo Terra se concorda com essa análise, Demian fez uma longa análise.
"Falta uma geração nova não só no Brasil, mas no mundo todo. Isso pode ser um problema daqui a alguns anos, porque a luta não é um esporte que você aprende do dia para noite", cravou.
O principal motivo para essa falta de renovação, de acordo com Demian, é a dificuldade que os novos talentos têm para crescer na carreira e se firmar no UFC.
"O esporte é ingrato. Enquanto você não chega no UFC, é difícil viver do esporte. Mesmo nas primeiras lutas você não vai conseguir viver do esporte. E mesmo que chegue lá (no UFC), com uma derrota você pode ser mandado embora", afirmou, completando ainda que dificilmente há investimento em atletas que estão no começo de carreira, já que eles vão demorar para chegar ao top 10 do ranking.
É exatamente essa falta de tempo e peciência que faz o MMA ser tão complicado, de acordo com Demian. "A pressão é difícil pra um esporte individual tão extremo. Eu acho que é o esporte mais difícil do mundo exatamente por causa disso", comentou.
Apesar de ser considerado um dos atletas mais intelectuais do UFC - inclusive é formado em jornalismo -, Demian não sabe apontar uma solução para esse problema. Ele apenas confia que a organização conseguirá resolvê-lo. "Não sei como o UFC vai lidar com isso, mas acho que no futuro eles vão achar um jeito. Tem que virar um esporte em que as pessoas de primeiro escalação tenham um tempo de amadurecimento pra chegar no auge".
Atualmente, é difícil um atleta novo seguir no UFC após três derrotas, mesmo que não sejam consecutivas. Alguns lutadores até conseguem assinar contratos válidos por três, cinco ou dez lutas. Mas a organização consegue rompê-lo facilmente, caso o lutador fracasse no octógono.
O assunto é delicado e por isso Demian mede cada palavra para fazer sua análise. Antes de responder se é negativo o fato de o UFC dominar o MMA, ele fez uma longa pausa para pensar. Mas respondeu: "isso dificulta mais a renovação. Mas o UFC é a maior empresa de MMA que existe, é de excelência e quem entrar lá tem que estar muito bem".
Tamanha "excelência" faz com que dificilmente esse cenário de monopólio do UFC mude. Apesar de algumas organizações terem crescido recentemente, como Bellator, World Series of Championship (WSOF) e One FC, Demian não acredita que eles sejam concorrentes reais atualmente: "a curto prazo acho difícil que eles consigam concorrer, porque o UFC se estruturou de uma maneira gigantesca", elogiou ele mais uma vez.
Se podem faltar talentos para o futuro, Demian pelo menos não vê escassez de ídolos atualmente no Brasil. Apesar da grave lesão de Anderson Silva e das derrotas de Junior Cigano, ele acredita que outros atletas podem manter o MMA em alta no País: "os ídolos estão lá, como Lyoto, Shogun, eu, Aldo, Barão... Às vezes acontecem revés, mas não é porque perdeu que deixa de ser ídolo", determinou.
Demian só admite a dificuldade para que seja criado um "substituto de Anderson Silva" futuramente: "vai depender de uma grande empresa de mídia acreditar e investir em alguém. Pode ser em campeões ou não. E ele tem que dar resultado, porque o brasileiro quer ver resultado", analisou. Resta saber se o atleta ideal para receber essa atenção já está no UFC ou se ele precisará encarar a dura renovação da organização.