É difícil ser Paolo Guerrero na seleção peruana. De longe o atleta com mais qualidade e lucidez do time, o centroavante vive de lançamentos, chutões e cruzamentos para tentar resolver alguma coisa na frente. Além disso, costuma ser o mais caçado pelas faltas dos adversários. Nesta quinta-feira, na vitória por 1 a 0 sobre a Venezuelana Copa América, não foi diferente – o agora flamenguista sofreu em campo, embalado por uma canção que deve tê-lo lembrado dos tempos de Corinthians.
"Vamos, vamos peruanos, esta noche, tenemos que ganar"... A música entoada pela torcida do Peru, maioria no Estádio Elías Figueroa, em Valparaíso, é a mesma que a torcida alvinegra costuma cantar antes dos jogos em Itaquera: "vamos, vamos Corinthians, esta noite, teremos que ganhar". Originalmente, o grito é uma tradição entre vários clubes da América Latina, como River Plate (ARG), América (MEX), Emelec (EQU) e Atlético Nacional (COL).
Em campo, porém, o jogo de Guerrero com a seleção peruana é totalmente diferente do que ele se acostumou no Corinthians. As tabelas pelo chão e a aproximação de jogadores são raras; mais comum é ele vagar sozinho pela linha de frente, sendo alvo dos chutões da zaga e dos cruzamentos dos meias. Durante toda a partida, o centroavante travou uma batalha dura contra o zagueiro Vizcarrondo, que não costuma aliviar.
E como Guerrero apanhou! Teve uma "paulistinha" que o deixou rolando de dor, um pisão de Amorebieta que rendeu cartão vermelho direto ao venezuelano, uma pancada no tornozelo no segundo tempo... Até que o camisa 9 se irritou e deixou o braço no lateral Cichero. Ele pareceu ter levado um cartão amarelo que o tiraria do jogo contra a Colômbia, mas a Conmebol mudou o alvo da advertência após o jogo em seu site oficial para Claudio Pizarro - mantendo Guerrero disponível para a próxima partida pelo Grupo C.
Sempre técnico e com boa movimentação, Guerrero lembrou o Corinthians dos tempos de Mano Menezes, com liberdade para buscar a bola na ponta esquerda – foi dessa posição que ele criou alguns dos melhores momentos do Peru. Mas nas chances de finalização que teve, ele foi mal: bateu totalmente torto uma sobra na área no primeiro tempo, e cabeceou por cima após escanteio na segunda etapa.
Ele até poderia ter participado no lance do gol de Pizarro – a bola ia em sua direção, mas o zagueiro venezuelano Túñez chegou antes e cortou errado, deixando a jogada limpa para o capitão peruano estufar as redes. E após "escapar" da suspensão, o artilheiro da última Copa América terá mais uma chance diante da Colômbia para fazer seu primeiro gol nesta edição do torneio. Será que dá?