O democrata Joe Biden, que lidera a disputa pela indicação do partido para a eleição presidencial de 2020, anunciou nesta quinta-feira (6) que mudou de posição e agora é favorável ao uso de verbas federais para financiar procedimentos de aborto no país.
Durante as mais de três décadas em que esteve no Senado, Biden sempre votou a favor de uma regra conhecida como "emenda Hyde" (aprovada em 1976), que limita aos casos de estupro, incesto ou risco de vida da mãe o uso de verbas federais para financiar abortos através do sistema de seguro de saúde público.
Mas pressionado por grupos feministas e de defesa dos direitos das mulheres, o ex-vice-presidente de Barack Obama usou as redes sociais para anunciar a mudança de posição e defender o financiamento federal em todos os casos.
Biden, que é católico, disse que mudou de ideia porque o direito ao aborto vem sendo atacado nos estados e muitas mulheres pobres estão tendo dificuldade para ter acesso ao procedimento.
"Os direitos e a saúde das mulheres são atacados de uma maneira que constitui uma tentativa de reverter todo o progresso que conquistamos nos últimos 50 anos", escreveu o ex-vice-presidente.
"Se, como eu acredito, a saúde é um direito, não posso mais apoiar uma emenda que faça com que este direito dependa do código postal de uma pessoa", completou.
A posição de Biden a favor da emenda Hyde tinha feito ele se tornar alvo dos rivais que também disputam a candidatura democrata à Presidência, já que os senadores Bernie Sanders, Elizabeth Warren e Kamala Harris -respectivamente segundo, terceiro e quarto colocados nas pesquisas da disputa democrata- já tinham se comprometido a lutar contra a emenda.
A questão do aborto deve ser um dos principais temas da eleição de 2020 porque os republicanos, incluindo o presidente Donald Trump, tem defendido que a Suprema Corte revogue a "Roe x Wade", a decisão de 1973 que autorizou o aborto no país.