ASSINE
search button

ONU prevê que 235 milhões de pessoas precisem de assistência humanitária em 2021

Segundo o relatório, a pandemia de covid-19 provocou uma perda equivalente a 495 milhões de postos de empregos só no segundo trimestre de 2020

Foto: Reuters/Siphiwe Sibeko -
Os planos específicos para fornecer ajuda humanitária incluem Moçambique, Colômbia, Venezuela, Ucrânia, República Centro-Africana, Afeganistão, Iémen, Síria e outros países
Compartilhar

Cerca de 235 milhões de pessoas vão precisar de assistência humanitária e proteção em 2021, segundo um relatório que será apresentado nesta terça (1) pelo Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha, na sigla em inglês).

O novo relatório anual do Ocha sobre a situação humanitária global, que vai ser lançado em Genebra, prevê um aumento de 40% de pessoas vulneráveis em relação a 2020 e destaca que serão precisos pelo menos 29 bilhões de euros para garantir a assistência humanitária em 2021.

Segundo o Ocha, “a pobreza extrema aumentou pela primeira vez em 22 anos” e vão surgir múltiplas situações de falta de alimentos e fome.

A organização alerta que no final do próximo ano, 736 milhões de pessoas poderão estar em situação de pobreza extrema, vivendo com menos de 1,60 euros por dia.

O relatório vai ser apresentado em eventos virtuais em Genebra e outras capitais do mundo, com uma mensagem do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres e do subsecretário-geral para os Assuntos Humanitários, Mark Lowcock.

O documento debruça-se sobre 56 países afetados por crises humanitárias e inclui planos específicos para 34 países em que a população poderá sofrer mais com fome, conflitos armados, falta de alojamento, impacto das mudanças climáticas e dificuldades criadas pela pandemia de covid-19.

Os planos de resposta apresentados nesta terça pelo Ocha visam a chegar a 160 milhões de pessoas em situações de forte necessidade e têm um custo estimado de 35 bilhões de dólares (29 bilhões de euros) no próximo ano.

Entre os fatores que atingem os mais vulneráveis estão o aumento dos preços dos alimentos, quebra de rendimentos, interrupção de programas de vacinação, encerramento de escolas, desalojamento e violência.

Os planos específicos para fornecer ajuda humanitária incluem Moçambique, Colômbia, Venezuela, Ucrânia, República Centro-Africana, Afeganistão, Iémen, Síria e outros países.

Entre os problemas que as Nações Unidas propõem aliviar, incluem-se as “consequências brutais de conflitos e deslocamento que prejudicam principalmente mulheres e crianças, pragas de gafanhotos, clima extremo” e o impacto da covid-19.

“Os orçamentos de ajuda humanitária enfrentam défices terríveis à medida que o impacto da pandemia global continua a piorar. Juntos, devemos mobilizar recursos e ser solidários nas alturas mais sombrias de necessidade”, diz António Guterres, citado pelo Ocha num comunicado enviado à agência Lusa.

Para Mark Lowcock, trata-se de uma escolha entre juntar forças para ajudar todos os países e pessoas em necessidade ou deixar que 40 anos de progresso sejam revertidos.

Segundo o relatório, a pandemia de covid-19 provocou uma perda equivalente a 495 milhões de postos de empregos só no segundo trimestre de 2020.

“As consequências económicas da pandemia podem causar uma perda de 10 bilhões de dólares (8,3 bilhões de euros) em rendimentos ao longo da vida da atual geração de crianças”, acrescenta a ONU.

O Ocha indica que no ano de 2020, os donativos para a resposta humanitária atingiram mais de 14,2 mil milhões de euros, utilizados para ajudar mais de 100 milhões de pessoas desde janeiro último.

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.460.018 mortos resultantes de mais de 62,7 milhões de casos de infecção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.