Agência EFE
LONDRES - As provas para acusar um ex-assessor do Governo de Tony Blair em relação com a suposta venda de cargos em troca de doações ao Partido Trabalhista são "insuficientes", informou nesta terça-feira a Promotoria britânica.
Des Smith, de 60 anos, ex-assessor do Executivo na área de Educação, foi a primeira pessoa detida em relação com a investigação feita pela Scotland Yard, na qual o primeiro-ministro do Reino Unido foi interrogado em duas ocasiões. A detenção ocorreu em abril.
Em comunicado divulgado nesta terça, a Crown Prosecution Service (CPS) informou que tinha notificado a Polícia Metropolitana de que não havia provas suficientes para acusar Smith de um crime previsto em uma lei de 1925 que proíbe a venda de títulos.
Smith foi detido após confessar a um repórter disfarçado do jornal "The Sunday Times" que os doadores ao programa governamental de abertura de novas escolas podiam receber honras como um título de Cavalheiro do Império Britânico ou uma cadeira na Câmara dos Lordes.
A CPS indicou que, embora o ex-assessor governamental tenha feito um comentário "indiscreto" ao jornalista, "suas palavras não forneciam provas de que tentou obter financiamento" para a Fundação para as Academias e Escolas Especializadas, da qual era porta-voz.
A Scotland Yard informou em comunicado que, como conseqüência da decisão da Promotoria, foi suspensa a fiança que tinha imposto a Smith.
O ex-assessor governamental se mostrou "aliviado" pelo fim da investigação. - Era uma bobagem desde o início - disse Smith.
A Downing Street, residência oficial de Tony Blair, não quis fazer declarações a esse respeito. A Scotland Yard começou a investigar o caso em março do ano passado, depois que o Partido Nacionalista Escocês denunciou que empresários que tinham emprestado dinheiro aos trabalhistas para a campanha eleitoral de 2005 recebiam títulos de lordes.
Além de Smith, outras três pessoas foram detidas durante as investigações: Lorde Levy, principal arrecadador do Partido Trabalhista e grande amigo do premier; Ruth Turner, colaboradora próxima de Blair; e Christopher Evans, um empresário milionário do setor da biotecnologia que doou dinheiro aos trabalhistas.
Blair, o primeiro chefe de Governo britânico em exercício a ser interrogado em uma investigação policial, prestou depoimento pela primeira vez em 14 de dezembro e depois em janeiro.
O político cujas acusações revelaram o escândalo, Angus MacNeil, do Partido Nacionalista Escocês, disse hoje que não estranhou a decisão da Promotoria, já que a investigação policial parece se concentrar em Downing Street.
O anúncio da Promotoria parece indicar que os agentes se concentram atualmente mais nas denúncias de um suposto encobrimento que na suposta venda de cargos, disse MacNeil.