Agência EFE
LA PAZ - O Governo do presidente da Bolívia, Evo Morales, propôs nesta segunda-feira prorrogar pela segunda vez o prazo da Assembléia Constituinte, após 15 meses infrutíferos e a 39 dias de complete o novo limite para a apresentação da nova Constituição.
A proposta foi feita pelo ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana, com a Assembléia no meio de um conflito regional entre La Paz e Sucre sobre onde deve ser a capital, que paralisou o funcionamento da Constituinte desde meados de agosto.
- Achamos que sem o tema da capital, temos que injetar um pouco mais de tempo à Assembléia para que ela possa redigir uma Constituição que nos reflita um pouco mais - disse o ministro Quintana.
- Estendê-la será um procedimento a mais, mas o certo é que temos que superar estes grandes obstáculos - afirmou Quintana.
Os partidos asseguram que já acertaram a maioria dos artigos da futura Constituição, mas até agora não aprovaram nem uma só linha em plenário e ainda têm divergências profundas em temas como a proposta de reeleição presidencial ilimitada.
Vários constituintes e políticos advertiram para o risco de fracasso da Assembléia, se não for solucionado o problema da capital - inclusive se a Constituinte mudar sua própria sede, como propõem os governistas.
Na noite do domingo, os líderes de Sucre rejeitaram mais uma proposta feita por um conselho político para resolver a questão. Eles argumentaram que a sugestão não atende à reivindicação de voltar a ser capital plena do país, abrigando os poderes Executivo, Legislativo e Judicial.
Os dois primeiros poderes foram transferidos 'de facto' para La Paz em 1899, quando tropas da cidade ganharam uma breve guerra civil contra as de Sucre.
O primeiro mandato da Assembléia venceu dia 6 de agosto e o segundo prazo dado pelo Congresso termina dia 14 de dezembro. A oposição, que controla o Senado, já avisou que não planeja prorrogar mais.
A mesa diretora da Constituinte convocou os participantes da assembléia a retomar o trabalho hoje, à espera do resultado das últimas negociações que os representantes da Assembléia ainda realizam com dirigentes regionais em Sucre.
Apesar da convocação, a Constituinte permaneceu sem atividades formais na manhã de hoje. A presidente da assembléia, Silvia Lazarte, anunciou hoje que nas próximas horas se darão definições sobre as sessões da entidade.
O otimismo dos mediadores no conflito, representantes de um conselho político dirigido pelo vice-presidente, Álvaro García Linera, não corresponde ao pessimismo dos líderes de La Paz e sua recusa a discutir plenamente a mudança dos poderes.