Agência EFE
MIAMI - A crise imobiliária dos Estados Unidos não deve desestabilizar os mercados financeiros da América Latina, devido aos últimos avanços macroeconômicos da região, disseram vários analistas na última terça-feira.
- Os índices da América Latina são hoje em dia mais robustos que alguns anos atrás -, disse Mauro Leos, vice-presidente da unidade de riscos para a região da Moody''s Investors Service.
A saúde dos mercados financeiros latino-americanos foi examinada num fórum da Assembléia Anual da Federação Latino-Americana de Bancos (Felaban), encerrada em Miami.
- Observamos que há menos vulnerabilidade e uma menor exposição ao déficit externo -, disse Leos. No entanto, ele afirmou que a recente prosperidade da região vai se reduzir um pouco no próximo ano, com índices de crescimento menores que os registrados anteriormente.
- Estamos começando a fechar o ciclo. É o fim de um bom período, no qual se gerou abundante liquidez, com um recorde de crescimento para a região -, acrescentou.
Ele disse que no passado, quando havia uma recessão na economia mundial, o resultado era uma grave crise financeira na região. Hoje em dia, porém, o risco é muito menor. Mas recomendou cautela com a Venezuela, Equador e Argentina.
Para o diretor de mercados emergentes da Goldman Sachs, Paulo Leme, uma recessão nos Estados Unidos poderia afetar algumas economias com um alto volume de transações comerciais com o mercado americano, como o México.
- Os países que estão mais expostos à economia dos Estados Unidos, especialmente os da América Central, podem sentir algum impacto menor. Eles sofreriam conseqüências mais graves que as nações da América do Sul -, comparou.
Apesar dos sinais positivos nas atuais economias da região, Leme observou que Venezuela e Argentina, após a forte ascensão nos últimos anos, podem ver uma redução em seus índices de crescimento.
Para ele, há um pouco de "esgotamento" em seus modelos.
Leme previu que o índice de crescimento da região baixe de 4,8% em 2007 para 4,1% em 2008.
Em relação aos Estados Unidos, o chefe de economia do Standard Chartered Bank, Douglas Smith disse que apesar da negatividade em Wall Street, o consumo ainda aumenta, os níveis de desemprego se encontram relativamente baixos e as margens de lucro das companhias são altas.
- Devemos esperar para ver como se resolve a crise dos créditos hipotecários de alto risco -, recomendou.