Agência EFE
PARIS - Os dois juízes franceses que conduzem o processo contra a ONG Arca de Zoé querem ir o mais rápido possível ao Chade, onde seis membros da organização estão presos acusados de seqüestro de crianças e fraude por terem tentado levar 103 menores africanos para a França.
Os dois magistrados fizeram um pedido internacional às autoridades chadianas. - Trata-se de ir o mais rápido possível para evitar a dispersão das pessoas cujo depoimento pode ser necessário para a investigação - afirmou uma fonte judicial ao jornal 'Le Figaro'.
Os juízes Yann Daurelle e Martine Vezant instruem o sumário aberto no dia 24 de outubro por 'exercício ilegal da atividade de intermediação com vistas à adoção' e ampliado depois para 'ajuda à entrada no território (francês) de estrangeiros em situação irregular'.
Além dos seis membros da ONG, estão detidos no Chade três tripulantes espanhóis do avião fretado pela Arca de Zoé e um piloto belga que tinha transportado as crianças em uma pequena aeronave da região fronteiriça com o Sudão até Abéché, no Leste do Chade.
Segundo o 'Figaro', os investigadores franceses já têm uma estimativa inicial do montante arrecadado pela ONG. A sede da entidade foi registrada no endereço residencial de seu presidente, Eric Breteau (detido no Chade).
A análise das duas contas bancárias abertas pela organização indica que desde o início do ano a Arca de Zoé arrecadou 700 mil euros de centenas de doadores.
Na França, a ONG alegou que queria retirar centenas de órfãos de Darfur, a conflituosa província do Sudão que faz fronteira com o Leste do Chade, para serem acolhidas por famílias francesas.
No entanto, quase todas as crianças que a organização tentou embarcar no dia 25 de outubro têm parentes e são chadianos, e não do Sudão.
Segundo várias testemunhas, os responsáveis da Arca de Zoé, que no Chade usava o nome 'Children Rescue', enganaram as autoridades, os funcionários chadianos e as famílias, pois teriam dito que as crianças seriam encaminhadas a um abrigo no Leste do país africano.