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DACA - Navios e helicópteros militares de Bangladesh tentavam chegar neste sábado a milhares de sobreviventes de um superciclone que matou aproximadamente 1.600 pessoas ao passar pelo empobrecido país com ventos e ondas violentos.
O ciclone Sidr devastou a costa sul de Bangladesh na noite de quinta-feira com ventos de até 250 quilômetros por hora que ajudaram a elevar o nível do mar em até 5 metros. Foi o maior ciclone desde o que ocorreu em 1991, que matou cerca de 143 mil pessoas no país.
Grupos de resgate descreveram os danos causados pelo ciclone, que derrubou casas e arrancou árvores e postes, como extremamente graves. A maior parte do país ficou sem energia na sexta-feira, depois que a rede elétrica caiu. Partes da cidade de Daca, capital do país e onde vivem cerca de 10 milhões de pessoas, ainda estavam sem energia neste sábado.
- Nossas equipes de apoio começaram a distribuição de emergência, com uma cobertura inicial de 100 mil pessoas -afirmou Vince Edwards, diretor nacional em Bangladesh do grupo World Vision.
- Entretanto, várias áreas estão inacessíveis agora por causa da queda de árvores - afirma comunicado do grupo.
Em muitas áreas, 95 por cento das plantações de arroz, que seriam colhidas em algumas semanas, foram gravemente danificadas.
- Muitos estão desabrigados, colheitas e outros meios de vida foram destruídos, o que coloca uma grande pressão sobre o governo, economia e sobre a própria população - afirmou Suman SMA Islam, coordenador de assistência humanitária da fundação CARE em Bangladesh.
Imagens de TV neste sábado mostravam famílias atingidas que ficaram desabrigadas.
- Onde está minha casa? Onde está minha família? - dizia uma idosa sentada perto do restou de sua casa em meio a pedaços de árvores derrubadas.
A diarréia afetava algumas áreas, afirmou um morador da vila de Mathbaria, que disse:
- Estamos desesperadamente precisando de alimentos e água limpa.
Navios da marinha percorrem a costa em busca de centenas de pessoas dadas como desaparecidas e para limpar canais de rios entupidos com embarcações afundadas para restaurar a normalidade na navegação, afirmaram autoridades do governo.
Helicópteros percorreram áreas devastadas entregando alimentos, água potável e remédios para os sobreviventes.
A contagem oficial de mortos subiu para 1.595 neste sábado e autoridades do governo afirmaram que este número provavelmente deve crescer. As emissoras de televisão privadas estimam que o número de mortos já superou os 2.000.
- Vai levar vários dias para completarmos as buscas para sabermos o número correto de vítimas e a extensão dos danos - informou o ministro dos desastres, Ayub Miah.
A Marinha dos Estados Unidos está ajudando nos trabalhos de resgate e assistência às vítimas.
DESAPARECIDOS NO MAR
Representantes do grupo de socorro Crescente Vermelho afirmaram que cerca de mil pescadores ainda estão desaparecidos na baía de Bengala, em cerca de 150 barcos.
Os líderes da comunidade pesqueira de Bazar e Barisal disseram que ainda esperam que alguns dos desaparecidos retornem a salvo.
Em tempestades anteriores, barcos pesqueiros se abrigaram em florestas de mangue em Sundarban, segundo Shohel Ahmed, pescador de Barisal.
O ciclone de categoria 4 e as ondas gigantes espalharam devastação por três cidades costeiras de Bangladesh e forçaram 3,2 milhões de pessoas a abandonarem suas casas, informaram autoridades do país e grupos de resgate.