Portal Terra
SAN SALVADOR - A sensação de segurança vivida em El Salvador nos momentos em que antecedem a abertura da XVIII Cúpula Ibero-Americana de chefes de Estado, que reunirá representações de 22 países em San Salvador, capital do País, encobre um dos principais problemas locais: a violência do dia-a-dia.
El Salvador é considerado pela comunidade internacional como o mais perigoso e violento da América Latina. Além das altas taxas de homicídios em todo o país, San Salvador também registra elevado número de roubos, acidentes e suicídios.
Relatório elaborado pelo Observatório Centro-Americano sobre Violência aponta que nos seis primeiros meses de 2008 o país registrou 1.545 homicídios, o que representa 26,9 mortes por 100 mil habitantes. A região de San Salvador é responsável por cerca de um terço dessas mortes. O país tem pouco mais de 6 milhões de habitantes.
Uma das explicações para o alto número de homicídios está nas 'maras' gangues de adolescentes formadas por jovens de classe média-baixa, que não conseguem se integrar à sociedade. Os bandos são formados por até 50 pessoas. Vivem do tráfico de drogas e pedágios cobrados em algumas regiões.
Em junho, o governo lançou a campanha 'Menos armas, mais vida' com o objetivo de reduzir os níveis de violência no país. A campanha tem o apoio do Conselho Nacional de Segurança Pública (CNSP), do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e de autoridades municipais.
Por conta da cúpula, o governo colocou nas ruas da cidade um contingente de mais de 600 agentes de segurança da Polícia Nacional Civil, além de um número não informado de militares, que fazem a vigilância do Centro Nacional de Feiras e Convenções de El Salvador, do aeroporto local e dos hotéis onde os mandatários e suas comitivas ficarão hospedados. A Interpol, policia internacional de combate ao crime organizado, participou da estruturação do plano de segurança.
Guerra Civil
Entre os anos de 1980 e 1992, El Salvador, menor país da América Central, com 21 mil km², viveu uma sangrenta guerra civil, na qual, calcula-se, tenham morrido mais de 70 mil pessoas. O acordo de paz de Chapultepec, no México, colocou fim aos combates.
A guerra civil deixou ainda um saldo de 8 mil desaparecidos, 12 mil pessoas com deficiência física e meio milhão de refugiados, segundo dados de organismos humanitários.
Um relatório da Comissão da Verdade constituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) dá uma idéia dos efeitos da guerra civil na violência do país.
- (A guerra civil) foi uma labareda que avançou pelos campos de El Salvador; invadiu as aldeias; cortou os caminhos; destruiu estradas e pontes; arrasou as fontes de energia e as redes transmissoras; chegou às cidades; penetrou nas famílias, nos recintos sagrados e nos centros educativos; atingiu a justiça e encheu de vítimas a administração pública; assinalou como inimigo a quem não parecesse na lista dos amigos. A violência convertia tudo em destruição e morte.