Agência AFP
WASHINGTON - Os democratas garantiram uma folgada maioria no Congresso americano após as eleições presidenciais e legislativas de terça-feira, nas quais o candidato democrata Barack Obama obteve a vitória e se tornou o primeiro presidente negro eleito dos Estados Unidos.
Ao mesmo tempo, a maioria democrata no Senado e na Câmara de Representantes foi reforçada de maneira significativa em relação às últimas eleições de meio de mandato, em 2006.
Pela primeira vez desde 1992, os democratas controlarão tanto a Casa Branca como as duas Casas do Congresso.
- Esta noite recebemos um mandato. Não é um mandato para um partido ou uma ideologia, e sim um mandato para a mudança, para a esperança - afirmou Harry Reid, líder da maioria democrata no Senado.
No Senado, os democratas chegaram a 56 cadeiras com a conquista de cinco vagas dos republicanos e a manutenção de suas 12 cadeiras colocadas em jogo nas eleições, segundo as projeções dos canais de televisão.
Na madrugada (horário americano) ainda estavam em disputa quatro cadeiras de senadores atualmente em poder dos republicanos: Alasca, Geórgia, Minesota e Oregon.
Desde 2006, os 49 democratas do Senado votaram na maioria das vezes em união com dois senadores independentes para obter a maioria. As cadeiras destes dois senadores, contabilizados entre as 56 democratas, não foram colocadas em disputa nas eleições de terça-feira.
No entanto, a partir de agora o Partido Democrata poderá abrir mão dos votos independentes para obter a maioria.
Entre os novos legisladores, o democrata Mark Warner conquistou uma cadeira na Virginia, ocupada por muito tempo pelo republicano John Warner, com quem não tem nenhum vínculo familiar e que se aposenta este ano.
Jeanne Shaheen em New Hampshire derrotou o senador republicano John Sununu, que a havia superado em 2002.
Outra mulher, Kay Hagan, na Carolina do Norte, venceu a republicana Elizabeth Dole, esposa do ex-candidato republicano à presidência Bob Dole. Os outros dois novos senadores democratas são Tom Udall, do Novo México, e Mark Udall - sobrinho do primeiro - do Colorado.
Os americanos compareceram às urnas para eleger o presidente e renovar 35 cadeiras das 100 do Senado, assim como os 435 representantes da Câmara.
Com quatro vagas de republicanos ainda indefinidas, os democratas têm poucas chances de ultrapassar a barreira de 60 cadeiras, o mínimo para impedir a oposição de utilizar o método de obstrução sistemático conhecido como 'filibuster', um procedimento que permite aos senadores o direito de bloquear ou retardar uma votação.
Segundo as pesquisas e os analistas políticos, a progressão dos democratas está vinculada às preocupações dos eleitores com a economia e ao desgaste e impopularidade do presidente George W. Bush e do Partido Republicano.
Na Câmara de Representantes, o Partido Democrata também aumentou a maioria.
Segundo uma projeção do canal MSNBC, os democratas obterão 261 das 435 cadeiras da Câmara contra 174 para os republicanos, ou seja, um aumento de 26 cadeiras em relação aos resultados de 2006.
Mais prudente, o canal CNN apontou um aumento de cinco cadeiras dos democratas, com 40 cadeiras ainda indefinidas.
Os resultados definitivos devem ser anunciados no decorrer da quarta-feira. O site RealClearPolitics.com estimava um aumento de 16 cadeiras para os democratas, com outras aindas indefinidas.
No total, na Câmara, os democratas podem ganhar entre 27 e 33 representantes a mais, o que permitiria obter uma maioria superior a 60%.
A nova maioria deve ajudar o presidente eleito Barack Obama a aprovar as reformas, como por exemplo a do seguro de saúde. De todas as formas, o poder Legislativo é independente do Executivo, e o Congresso pode se opor ao presidente, embora este seja da mesma tendência política.
Nas eleições legislativas de 2006, os democratas ganharam 30 cadeiras a mais na Câmara de Representantes e seis no Senado.