Agência ANSA
TEGUCIGALPA - Uma comissão dos Estados Unidos chega hoje a Honduras para promover a retomada do diálogo entre o presidente interino, Roberto Micheletti, e o mandatário deposto, Manuel Zelaya, em busca de uma solução à crise política no país, ocasionada pelo golpe de Estado de junho.
A delegação é formada pelo subsecretário do Departamento de Estado para a América Latina, Thomas Shannon, o secretário-adjunto de Estado, Craig Kelly, e o conselheiro-adjunto de Segurança Nacional da Casa Branca para a América Latina, Dan Restrepo.
Eles permanecerão em Honduras por dois dias e vão trabalhar ao lado do secretário de Assuntos Políticos da Organização dos Estados Americanos (OEA), o boliviano Victor Rico, que chegou ontem a Tegucigalpa.
Nas últimas semanas, delegações de Zelaya e Micheletti iniciaram diálogos em busca de uma solução à crise, que já atinge seriamente a economia do país e hoje completa quatro meses.
Contudo, não se chegou a um acordo sobre a restituição do mandatário destituído ao posto, como sustenta o Acordo de San José, proposto pelo presidente da Costa Rica, Oscar Arias, com apoio da comunidade internacional.
Micheletti disse estar disposto a renunciar à presidência, mas, para isto, propôs que um terceiro assumisse o cargo.
Outra alternativa apresentada por Micheletti seria esperar a eleição do próximo presidente, em vista das eleições presidenciais do dia 29 de novembro, e que podem não ser reconhecidas internacionalmente.
Por sua vez, Zelaya é contra as duas opções. Ele acredita que o primeiro caso seria um outro golpe de Estado, e as eleições, sem a reinstalação prévia da ordem constitucional, legitimariam o golpe.
O presidente constitucional disse estar disposto a aceitar o retorno ao poder com poderes limitados, como propunha o acordo de Arias, porque "deve haver um acordo político para que as eleições sejam reconhecidas".
No fim de semana, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, falou por telefone com Zelaya e Micheletti. Depois das conversas, ela decidiu enviar a comissão para ajudar à resolução da crise.
A negociadora de Micheletti, Vilma Morales, chamou ontem os representantes de Zelaya para retomar o diálogo e disse estar otimista. - Chegaremos a um acordo final, que restaurará a paz e a tranquilidade para todo o povo hondurenho - afirmou.
O membro da comissão negociadora de Zelaya, Victor Meza, declarou que "sempre estamos na pendência de que haja uma proposta digna por parte da delegação de Micheletti".
Ele destacou ainda que Shannon e Rico possivelmente contribuirão para encontrar o caminho para chegar a um acordo, com base na proposta de Arias, "que claramente estabelece o retorno da ordem constitucional por meio da restituição do presidente Zelaya".