Agência Brasil
BRASÍLIA - O ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, elogiou nesta quinta-feira a atuação do novo presidente de Honduras, Porfirio Pepe Lobo Sosa, que assumiu ontem na quarta-feira o cargo. Para o chanceler, Pepe Lobo cuja eleição não é considerada legítima pelo governo brasileiro avançou politicamente ao negociar o salvo-conduto para o presidente deposto, Manuel Zelaya, deixar Honduras rumo à República Dominicana, sem ameaças.
Os elogios de Amorim a Pepe Lobo podem indicar um novo posicionamento do governo brasileiro. Desde o golpe de Estado, em junho de 2009, o Brasil rompeu as relações políticas com o país vizinho. No entanto, em busca da conciliação na nova gestão, o governo brasileiro deve reatar.
Amorim afirmou ainda que é necessário ampliar os avanços obtidos por "Pepe" Lobo. Segundo ele, é preciso buscar mais ações conciliatórias no país vizinho em um esforço de acabar com a instabilidade política e social. Eu vejo passos positivos [em direção a] um caminho de reconciliação. Vamos ver como isso evolui , afirmou Amorim à EBC.
Em seguida, o chanceler disse que: O fato de o presidente Lobo ter ido buscar o presidente Zelaya na embaixada brasileira [referindo-se ao fato de o presidente ter acompanhado o ex-governante deposto na saída da sede brasileira rumo ao aeroporto] é um indicativo de uma atitude conciliatória .
Para Amorim, é fundamental que o tom da conciliação permaneça. Essa atitude conciliatória prevalecendo vai ter impacto [nas decisões internacionais] , afirmou ele. Em fevereiro, o assunto será tema de um encontro de presidentes da República e chanceleres em Cancún, no México.
Desde novembro, quando foi eleito, Pepe Lobo Sosa iniciou as articulações com o presidente da República Dominicana, Leonel Fernández, para a concessão do salvo-conduto e a saída de Zelaya, sem riscos para ele e sua família. Depois de 126 dias abrigado na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, o presidente deposto deixou ontem (27), no final da tarde, o prédio.
Em 28 de junho de 2009, houve o golpe de Estado em Honduras por uma ação conjunta de integrantes das Forças Armadas, da Suprema Corte e do Congresso Nacional sob o comando do ex- presidente hondurenho Roberto Micheletti. Na ocasião, Zelaya foi deposto e deixou o país.
No começo desta semana, o Congresso Nacional de Honduras aprovou o decreto de anistia que perdoa os golpistas e também o presidente deposto e seus aliados. Paralelamente a Corte Suprema do país absolveu os comandantes militares que participaram da ação contra Zelaya.