Jornal do Brasil
KARACHI - A cidade de Karachi, no sul do Paquistão, viveu sexta-feira um dia sangrento, depois que um terrorista suicida conduzindo uma motocicleta com explosivos lançou-se contra um ônibus de peregrinos xiitas, matando 14 pessoas e deixando 46 feridas, incluindo muitas mulheres e crianças. A maioria dos feridos foi levada pelas ambulâncias para o hospital de Jinnah, em cujo interior aconteceu uma segunda explosão, apenas duas horas depois, matando pelo menos mais seis pessoas.
Segundo autoridades locais, o duplo ataque poderia ter sido ainda mais mortífero se a polícia não tivesse desativado a tempo uma terceira bomba instalada em um aparelho de televisão no estacionamento do hospital.
Pedimos ao governo para que nos dê maior proteção. Não somos treinados para uma situação de guerra. Ninguém podia imaginar que um hospital viraria alvo dos terroristas declarou a médica do hospital atacado, Simi Simali.
O primeiro-ministro paquistanês, Yousuf Raza Gillani, condenou as duas ações em um comunicado oficial, ordenou a abertura de uma investigação e pediu à população que mantenha a calma. Nas imediações do atentado, muitos paquistaneses organizaram protestos para reclamar a falta de segurança na cidade.
Analistas acreditam que exista em Karachi metrópole com mais de 14 milhões de habitantes uma forte presença de células da insurgência talibã e outros grupos jihadistas. Quase todos estes grupos são sunitas, como os ortodoxos talibãs, e alguns têm um claro sentimento antixiita.
Ainda assim, a cidade não é cenário habitual de atentados porque, segundo observadores, os jihadistas a utilizam para descansar e arrecadar dinheiro através de sequestros, assaltos e canalização do contrabando e narcotráfico.