Agência ANSA
BUENOS AIRES - A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, afirmou hoje que foi censurada pelo canal de TV Todo Notícias, que pertence ao Grupo Clarín, quando declarou na última quarta-feira que diretores dessa empresa respondem a um processo por lavagem de dinheiro.
A mandatária argentina fez as acusações ao Clarín durante o ato público de inauguração de uma ponte que liga dois bairros pobres da região metropolitana de Buenos Aires.
As declarações sobre a lavagem de dinheiro foram dadas por ela em resposta à pergunta de um jornalista do próprio Todo Notícias, durante uma entrevista coletiva.
O governo argentino e o grupo Clarín trocam acusações desde 2008, quando a mandatária enviou ao Congresso um projeto para reformular a Lei de Mídia no país. A medida foi aprovada no Legislativo em outubro de 2009.
A nova legislação proíbe, entre outras coisas, que uma mesma empresa possua simultaneamente um canal no sistema de TV aberta e outro de TV a cabo. Além disso, impede que possua mais de dez emissoras de TV ou rádio. O grupo Clarín, a mais poderosa holding de comunicação do país, foi o mais afetado pela medida.
Desde então, o grupo tem publicado em seus veículos de comunicação artigos contrários ao governo, acusando-o de corrupção, totalitarismo, falta de respeito às instituições e ataques à liberdade de imprensa.
No ato de inauguração de hoje, a mandatária também justificou a compra feita por seu marido, o ex-presidente Nestor Kirchner, de US$ 2 milhões em outubro de 2008.
A oposição alega que o ex-mandatário fez uso de informações privilegiadas para comprar dólares e obter lucros com a valorização da moeda norte-americana. Kirchner, por sua vez, afirma que a operação foi feita porque ele pretendia comprar ações da companhia Hotesur S.A., proprietária do Hotel Altos Calafate.
Ainda entrevista coletiva de quarta-feira, a presidente ressaltou que o mesmo grupo empresarial que acusa o governo de restringir a "liberdade de expressão" acabou se utilizando de "censura" quando mencionou o processo de lavagem de dinheiro.
As acusações feitas na quarta-feira por Cristina se referiam à principal acionista do grupo Clarín, Ernestina Herrera de Noble.