Agência ANSA
BERLIM - Subiu para seis o número de acusados de terem cometido crimes de pedofilia na diocese de Regensburgo, na Alemanha, onde o irmão do papa Bento XVI, Georg Ratzinger, trabalhou durante trinta anos.
- Sete pessoas relataram acusações de abuso sexual contra seis religiosos ainda vivos - afirmou o porta-voz Clemens Neck. Ainda segundo o representante, duas das denúncias se referem ao coro da catedral de Regensburgo, cuja direção ficou a cargo de Ratzinger entre 1964 e 1994.
- Cinco dos seis fatos contestados remetem à metade dos anos 70, enquanto o outro ocorreu em 1984 -informou o porta-voz da diocese. Entre os seis acusados estariam duas freiras que têm problemas psíquicos.
Além dos casos referentes à diocese de Regensburgo, os religiosos alemães vêm sendo alvo de denúncias de pedofilia que também incluem mais de 160 episódios em escolas jesuítas durante as décadas de 70 e 80.
Para ajudar as vítimas, a associação norte-americana Survivors Network of Those Abused by Priests, Snap (Rede de sobreviventes dos abusados por padres, em tradução livre) anunciou a criação de um grupo de autotutela em língua alemã.
A organização, que foi criada em 1988 e possuiu cerca de nove mil membros nos Estados Unidos e em outros países, pretende atender vítimas também de Áustria e Suíça, países que, junto à Alemanha, viram-se envolvidos em denúncias contra o clero recentemente.
De acordo com uma nota à imprensa, a criação do grupo de autotutela ocorre "sob demanda das vítimas". Ainda segundo o comunicado, a Snap investirá no "pedido de uma investigação estatal sobre as dioceses alemãs", assim como "fez o governo irlandês".
Em novembro, o relatório da comissão Murphy, elaborado pela juíza Yvonne Murphy, trouxe provas da existência de um esquema por meio do qual sacerdotes e autoridades policiais irlandesas encobriram casos de pedofilia cometidos contra milhares de crianças durante 60 anos.
Neste sábado, Bento XVI divulgou uma carta aos católicos do país europeu em que reconheceu o "grave dano" causado pela pedofilia em instituições eclesiásticas desta nação e citou medidas concretas pelo restabelecimento da Igreja na Irlanda.
A carta pastoral desapontou alguns políticos alemães, como afirmou hoje a líder do Partido Verde, Claudia Roth, à imprensa local. Para ela, o fato de que o papa "não tenha dito uma só palavra" sobre os episódios emersos em seu país "não é aceitável". O Pontífice frustrou "todas as esperanças que as vítimas na Alemanha nutriam" quanto ao caso, afirmou ela.