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Espanha: homem que teve rosto transplantado sai do hospital

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Agência AFP

SEVILHA - O espanhol que recebeu um transplante de rosto neste ano teve alta do hospital nesta terça-feira, agradecendo os médicos e a família do doador por tornarem a cirurgia possível.

"Quero agradecer à família pelo seu gesto, assim como o time de médicos", disse o paciente, identificado apenas pelo primeiro nome, Rafael, durante coletiva de imprensa realizada com a equipe médica do Hospital Virgen del Rocio, em Sevilha.

Rafael, cujo rosto foi severamente desfigurado devido a uma doença genética, afirmou ter sentido "alegria e felicidade" na primeira vez que viu seus novos traços no espelho depois de ter passado por uma cirurgia de 24 horas em janeiro.

Aproximadamente dois terços de sua face - desfigurada por uma doença chamada neurofibromatosis, que desenvolve tumores nos tecidos dos nervos - foram substituídos por tecidos, nervos, artérias e veias de um doador que já morreu.

Rafael só irá recuperar totalmente a habilidade de mexer a língua em três meses. Por isso, teve dificuldades para falar com a imprensa.

Mas, de acordo com os médicos, ele já pode sentir dor na face, e distinguir entre quente e frio. Ele já começou a se barbear.

Antes de deixar o hospital, o jovem abraçou o cirurgião-chefe, Tomas Gomez Cia, que liderou a equipe de 23 médicos responsável pela cirurgia.

No mês passado, um hospital de Barcelona havia informado ter realizado o primeiro transplante total de rosto, dando ao homem que tinha desfigurado seu rosto em um acidente um novo nariz, pele, mandíbulas, bochechas e dentes.

Este é o terceiro transplante de rosto realizado na Espanha e a 11º cirurgia do tipo realizada no mundo.

O primeiro transplante de rosto que teve sucesso foi feito na França em 2005. A paciente era Isabelle Dinoire, uma mulher de 38 anos cujo rosto havia sido mordido por um cachorro. Outros transplantes foram realizados nos Estados Unidos e na China.

A Espanha tornou-se líder mundial em doação de órgãos desde que criou uma rede de coordenação de transplantes em 1989, envolvendo todos os hospitais do país que monitoram de perto as áreas de emergência para identificar doadores potenciais.

Quando ficam sabendo de um falecimento, eles conversam com as famílias para obter permissão para a doação de órgãos e ajudam a salvar a vida de outras pessoas.

Apenas 15% das famílias abordadas na Espanha recusaram a doação, uma forte queda perto da cifra de 40% que se recusavam nos anos 1980, antes de o sistema ser implantado.